"Paguei para ser solto"
Preso por porte ilegal de arma disse que pagou propina para ser liberado
O assaltante Gibison Levregé da Silva, 21, preso por porte ilegal de arma, disse que pagou propina ao juiz Francisco de Assis Ataíde, de Manaus/AM, para que fosse liberado do Instituto Prisional Antônio Trindade (IPAT). Veja abaixo matéria publicada no jornal A Crítica (Manaus).
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O juiz Francisco de Assis Ataíde ficou conhecido no início deste mês por ter liberado de forma irregular, aproveitando o fim de semana e a Semana da Pátria, 43 presos (38 homens e cinco mulheres) acusados de tráfico de drogas, assaltos e outros crimes considerados graves. Segundo parecer do Conselho de Magistratura do TJ/AM, as solturas foram consideradas tecnicamente irregulares, entre outras coisas, por não terem sido submetidas à avaliação do MPE.
Gibison Levregé da Silva não aparece na lista divulgada pelo TJAM no início do mês, quando as liberações irregulares feitas por Ataíde ganharam repercussão na mídia e levaram à sua suspensão temporária por 30 dias.
O assaltante revelou detalhes do que teria sido a negociação feita por suas advogadas, Efigênia Generoso Araújo e Simone Alencar Omena. Segundo Gibison, o valor pago ao juiz foi conseguido com a venda de uma casa que ele tinha no bairro Campos Sales, Zona Norte.
Preço da liberdade
Gibison conta que as duas advogadas acertaram o "preço" de sua liberdade com o juiz. "Elas disseram que precisavam de R$ 2 mil para pagar ao juiz para me liberar. Dias depois que minha mulher deu o dinheiro, me liberaram", diz o assaltante. Gibison admite que não participou da negociação, feita entre sua esposa e as advogadas.
Efigênia Generoso e Simone Omena foram procuradas pela reportagem de A CRÍTICA por meio dos telefones de seus consultórios jurídicos e pelos telefones celulares cadastrados na OAB/AM, mas nenhuma das duas foi localizada para comentar as declarações de Gibison.
A promotora Tereza Cristina Coelho, do MPE, foi pessoalmente ao 6º. DP, no bairro Cidade Nova, Zona Leste, tomar o depoimento de Gibison. Ela é uma das promotoras que tiveram liberados alguns presos cujos processos estavam sob sua responsabilidade. "Ele confirmou que pagou propina ao juiz. Vou levar esse depoimento à corregedoria do TJAM o mais rápido possível", disse a promotora.
O juiz Francisco de Assis Ataíde também foi procurado pela reportagem de A CRÍTICA, mas ninguém atendeu o telefone de sua residência.
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