Se receber a carteira da OAB é sinônimo de alegria para muitos bacharéis em Direito, para Samuel Pereira Lima, aquele pequeno objeto tem um significado ainda mais especial: a superação de uma difícil trajetória. De origem humilde e já tendo passado pela prisão, o mais novo advogado relata que provou para si mesmo que conseguiu dar a volta por cima.
Samuel Pereira Lima foi preso aos 22 anos de idade e, na prisão, resolveu “tomar vergonha na cara”, como ele mesmo relata. Em 2010, quando acabou de cumprir sua pena, estava decidido a mudar de vida. Mas, não foi fácil. O advogado narra que devido sua condição passada foi muito difícil de conseguir um trabalho.
“Enfrentei muito preconceito pela minha condição pregressa e, de certa forma, a advocacia foi onde consegui me ver. Ninguém quer empregar alguém que cometeu um delito, ainda que ele tenha cumprido sua pena.”
Por isso, começou a vender balas e doces na rodoviária e nos ônibus de sua cidade. Na difícil trajetória, resolveu voltar a estudar. O curso? Direito. Samuel conta que se apaixonou pela profissão lendo processos de colegas de cela. “Era a única leitura que havia e eu me encantava com as argumentações”.
Depois de passar pelos 5 anos de estudo do curso e pelas temidas provas do exame da Ordem, Samuel recebeu sua carteira de advogado. A cerimônia foi emocionante com o seu discurso.
Orador da turma, ele usou a tribuna do auditório para narrar aos colegas sua própria história e fazer dela a motivação para outros. Ao Migalhas, o mais novo advogado também aproveitou para deixar sua mensagem:
“Não foi fácil, mas eu posso dizer... se você alimentar, se você correr atrás, você é capaz de tudo. Inclusive de dar a volta por cima.”