A carreira pública, para muitos brasileiros, é um sonho antigo. Estabilidade financeira, bons salários, flexibilidade de horários e possibilidade de crescimento são apenas algumas das vantagens que funcionam como combustível para impulsionar os estudos de candidatos que desejam melhores condições de trabalho.
De tempos em tempos, o número de interessados em concursos públicos aumenta. De acordo com a Anpac – Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos, o crescimento do número de pessoas que almejam fazer concurso é de 40% ao ano. Entretanto, o desafio para se alcançar a tão sonhada vaga é grande e exige muita dedicação.
Para Luiza Rocha, estudante de Direito e concurseira há anos, a preparação sempre foi carregada de expectativas. Segundo a estudante, a princípio, ela resolveu buscar pelos concursos por imaginar que poderia garantir a sua estabilidade e de seus familiares rapidamente. No entanto, de uns anos para cá, e com a experiência adquirida, percebeu que não é bem assim que o processo funciona.
Luiza será a primeira na sua família materna a concluir um curso superior. Como sempre teve de trabalhar para manter seu sustento, aprendeu a conciliar o trabalho, a faculdade e a preparação para o concurso, mesmo sabendo que as horas disponíveis de estudo eram bem abaixo do ideal.
A estudante de Direito considera que, independentemente do tempo disponível para se dedicar ao concurso, a preparação envolve estratégia e plano de ação, o que começa muito antes da publicação do edital. “As decisões começam na escolha do cargo e da área que pretende trabalhar. Não dá para pular de galho em galho e atirar para todos os lados, correndo o risco de não atingir nenhum alvo, se frustrar e perder tempo”, conta.
A busca por editais antigos e da noção da concorrência, da quantidade de vagas, do conteúdo cobrado, se o último concurso já venceu ou está para vencer são etapas posteriores.
“E não é só isso, o cotidiano político interfere e muito na rotina dos concurseiros, pois é nas leis orçamentárias que podemos ter uma base se poderá ou não ocorrer o lançamento do edital desejado.”
Direitos
Entender e buscar pelos seus direitos é outro ponto que Luiza considera muito importante, pois já se viu diante de uma situação em que necessitou recorrer à Justiça.
Em março de 2012, ela realizou o seu primeiro concurso e foi aprovada na 4ª colocação. Entretanto, haviam apenas três vagas para o cargo almejado. Após o encerramento do prazo de validade do concurso, foi identificado que apenas dois candidatos foram chamados e o MP/GO solicitou a convocação do 3º colocado, que não tomou posse.
Como Luiza era a próxima da lista, surgiu seu direito de ser nomeada e empossada. Porém, ela foi impedida de realizar a perícia médica com a justificativa de que havia um erro em sua inscrição. “Entrei com mandado de segurança exigindo o meu direito de tomar posse e após sentença e julgamento do caso, fui chamada para realizar a perícia novamente e posteriormente assumir o cargo”, conta.
Informação
O advogado Agnaldo Bastos (Agnaldo Bastos Advocacia Especializada), especialista em causas envolvendo concursos públicos, explica que, muitas vezes, a falta de informação se torna o grande pivô do distanciamento entre o candidato e o cargo público desejado.
Ele afirma que, a cada ano, o interesse dos brasileiros por oportunidades no setor público aumenta, mas nem sempre as estratégias de preparação se modificam.
Segundo Bastos, é fundamental que os participantes tenham conhecimento não apenas das provas, dos editais e do perfil dos concorrentes, mas também das mudanças que estão acontecendo no contexto político e econômico.
“Recentemente, o presidente do Brasil anunciou um possível congelamento de verbas para 2020. Se isso realmente acontecer, interferirá diretamente em novas contratações e abertura de certames, o que deve impactar também no plano de ação dos candidatos”, conclui.
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