Em um vídeo que circula nas redes sociais, o desembargador Jaime Machado Junior, do TJ/SC, aparece ao lado do cantor Leonardo e envia um “recado” a juízas. Após citar o nome das mulheres, ele diz: “nós vamos aí comer vocês”. E completa: “ele segura e eu como”.
Após o vazamento do vídeo, o magistrado respondeu dizendo que o vídeo não foi publicado e que tudo não passou de "brincadeira". "Se eventualmente ofendi alguém, ou se tiver uma outra interpretação, eu peço perdão. Quem me conhece sabe que sou irreverente e expansivo", disse.
Jaime Machado Junior também publicou nota dizendo que não teve a intenção de ofender as colegas nem as mulheres em geral:
Na tarde de hoje fui surpreendido com a veiculação de um vídeo em que apareço ao lado do cantor Leonardo, em um encontro entre amigos, no qual faço comentários dirigidos a algumas colegas magistradas, com as quais possuo laços de amizade já de muitos anos. Inicialmente, quero esclarecer que em nenhum momento tive a intenção de ofender, menosprezar e mesmo agredir as minhas colegas, nem as mulheres em geral.
Reconheço que as colocações foram inadequadas, infelizes e que, de fato, acabam por reforçar uma cultura machista que ainda é latente em nossa sociedade. Assumo os meus erros e com eles procuro aprender. Espero que este episódio sirva de lição não só para mim, mas para todos os homens que tratam um assunto muito sério como se fosse brincadeira.
Cordialmente,
Jaime Machado Júnior, desembargador do TJSC
O Tribunal de Santa Catarina comunicou que tomou conhecimento dos fatos e, a partir de esclarecimentos, definirá as providências a serem adotadas.
Em resposta ao vídeo do magistrado, uma juíza gravou um vídeo em defesa do desembargador. Ela diz que são amigos há anos e não se importou com a brincadeira. "Qual é a desse povo? Era um vídeo só nosso que alguém, de bobagem, compartilhou aí com todo mundo. Estou numa boa, não tem problema nenhum."
O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público, que congrega em torno de 500 promotoras e procuradoras de todo o país, e a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas, com quase 3.000 associadas no Brasil, manifestaram repúdio às declarações do desembargador.
"Num país em que uma mulher é estuprada a cada 10 minutos, é inadmissível o comportamento sexista adotado pelo desembargador, que, ainda que em tom jocoso, expõe as magistradas destinatárias da mensagem como objetos sexuais e banaliza a conduta de violência sexual, atingindo todas as mulheres, reforçando uma cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em violar os direitos mais basilares da população feminina diariamente."
O movimento e a associação afirmam que continuarão atentos, exigindo apuração dos fatos e tomada de providências.
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