Migalhas Quentes

Caminhoneiro consegue reconhecimento de salário recebido "por fora"

Trabalhador receberá reflexos pelos R$ 5 mil mensais que auferia em "caixa 2".

5/6/2018

Caminhoneiro que recebia valores "por fora", percebidos como "caixa 2", consegue reconhecimento para integração ao salário, com pagamento dos devidos reflexos. A decisão é da 2ª turma do TRT da 18ª região ao reformar sentença que negava o pedido.

O caminhoneiro trabalhou para a empresa de setembro de 2014 a julho de 2017, prestando serviço também para outra empresa. Na inicial, o trabalhador alegou que, além do salário fixo registrado na carteira de trabalho, recebia uma “bonificação” no valor de R$ 200,00 e comissões de 10% sobre o valor do contrato de frete, também chamado de “Carta Frete”, no valor médio de R$ 5 mil/mês, que eram pagas, segundo ele, por meio de "caixa 2".

Ele afirmou que, em janeiro de 2017, a empresa passou a pagar todos os valores por registro na carteira de trabalho. Assim, requereu o reconhecimento do pagamento “por fora” até dezembro de 2016.

No primeiro grau, o juízo da 16ª vara de Goiânia reconheceu a responsabilidade solidária das duas empresas e o rompimento do contrato de trabalho por culpa do empregador, pela retenção dos salários e ausência de pagamento das verbas rescisórias sem a devida justificativa legal. Entretanto, com relação ao pagamento “por fora”, apesar de a confissão ficta em favor do trabalhador, porque foi declarada a revelia, o juízo de 1º grau entendeu que não houve provas suficientes de salário extra folha, porque o obreiro apenas anexou comprovantes de extrato bancário com valores de origens desconhecidas, “não se podendo presumir tratarem-se de salário extra”.

No segundo grau, no entanto, a decisão foi reformada. Ao analisar, a desembargadora Iara Teixeira Rios, relatora do processo, explicou que a presunção resultante da decretação da revelia não é absoluta, sendo possível sua desconsideração se o conjunto das provas pré-constituídas indicar ao julgador conclusão diversa. "Contudo, no caso em tela, não há provas capazes de afastar a presunção levada a efeito pela revelia e confissão', concluiu.

A magistrada observou que, além dos comprovantes de transferências para sua conta bancária, os contracheques constantes dos autos também evidenciaram a tese do obreiro, já que do mês de dezembro de 2016 para janeiro de 2017 houve alteração da remuneração, que passou de R$ 1.787 para R$ 8.415, sem ter havido alteração na função.

O colegiado, por unanimidade, reformou a sentença para reconhecer o pagamento de salários "por fora" até dezembro de 2016 no importe de R$ 5 mil, que passa a integrar a remuneração e os respectivos reflexos.

Veja a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

Cliente e advogada são mortos a tiros no interior de São Paulo

31/10/2024

STF julgará reajuste automático do piso da educação por portaria do MEC

31/10/2024

Veículo em nome de terceiro pode ser penhorado se posse é do executado

31/10/2024

Juíza revoga medida protetiva após prints provarem versão do acusado

31/10/2024

Câmara rejeita taxar grandes fortunas; regra de impostos vai ao Senado

30/10/2024

Artigos Mais Lidos

O STF em debate - O amigo do rei

31/10/2024

Planejamento sucessório: TJ/SP afirma a legalidade de escritura pública de pacto antenupcial que prevê a renúncia recíproca ao direito sucessório em concorrência com descendentes

1/11/2024

O produtor rural e os novos impostos - A realidade tributária para o agronegócio

1/11/2024

O argumento da hipersuficiência para admitir a pejotização

1/11/2024

O uso do WhatsApp como ferramenta de comunicação profissional: Aspectos práticos e jurídicos

31/10/2024