As cidades de Londres e Oxford sediaram nos últimos dias 5 e 6 a 3ª edição do Brazil Forum UK. Na capital, o Old Theatre da London School of Economics esteve lotado o dia todo para as palestras do primeiro dia, especialmente voltadas para discussões de políticas públicas nas mais diversas áreas. Já o auditório da Blavatnik School of Government, na Universidade de Oxford, recebeu painelistas que trataram de diferentes questões políticas e sociais.
O evento contou com dezenas de palestrantes, de áreas diversas como Direito, Economia, Política, Negócios e Saúde, com o intuito de pensar o futuro do país sob a perspectiva dos 30 anos da Constituição. Com forte viés político, o foco das discussões foi como praticar uma nova forma de se fazer política no Brasil.
No primeiro dia a abertura do presidente de honra, ministro Luís Roberto Barroso, foi provocativa ao elencar as conquistas democráticas dos últimos 30 anos sob o guarda-chuva da Constituição de 1988 – como a estabilidade institucional, o controle da inflação e os avanços no combate à miséria –, sem deixar de reconhecer, ao mesmo tempo, a urgência que o Brasil tem em erradicar a corrupção endêmica e sistêmica e garantir uma educação básica de qualidade e universal.
A participação da presidente Dilma Rousseff, responsável pela última palestra do dia, levou para a LSE dezenas de apoiadores do PT. De fato, Dilma foi recebida sob uma horda de aplausos e gritos de apoio e aproveitou para defender a ideia de que sua saída da presidência da República foi um “golpe parlamentar”.
A presidente garantiu que não há outro candidato para o partido nas eleições de 2018 se não Lula, preso em Curitiba por condenação na Lava Jato: “Resta saber se ele vai participar como candidato; nós vamos lutar por isso. Mas ele vai participar como referência porque acredito que ele é hoje uma ideia de unidade das forças progressistas do Brasil.”
No domingo, um belo dia de céu azul em Oxford, a pluralidade de visões e reflexões foi mais visível. Foi, também, o das palestras que mais emocionaram o público presente, como as proferidas no painel sobre racismo, feitas pelo professor Silvio de Almeida e pela vereadora de Niterói Talíria Petrone, amiga de Marielle Franco, assassinada há poucos meses. Aliás, vale dizer, foram muitas as homenagens feitas à memória de Marielle nos dois dias de fórum.
No painel sobre a politização da justiça, Francisco Müssnich, Joaquim Falcão, Luciana Lóssio e Walfrido Jorge Warde Júnior debateram muitas questões sensíveis relativas ao tema. Por diversas vezes o ministro Barroso foi chamado a participar das discussões.
Surpreendente, a palestra do dr. Drauzio Varella levou o público a uma reflexão sobre os desafios do acesso à saúde 30 anos depois da criação do SUS, ressaltando a importância do trabalho desenvolvido para a população mais pobre do país e os desafios a serem enfrentados.
Outro tema que ganhou destaque nas falas de diversos oradores foi o da necessidade priorização da educação no país, sem a qual ninguém concebe grandes avanços no desenvolvimento econômico, social e político.
Um dos mais elogiados debates foi o que reuniu representantes de novos movimentos e jovens políticos de partidos tradicionais para discutirem a renovação do sistema político. Dele participaram Áurea Carolina, do Movimento Muitas/ PSOL-BH, Camila Moreno, da Juventude do PT, Fabio Ostermann, do Movimento Livres, João Francisco, do Movimento Agora!, Pedro Duarte, da Juventude do PSDB e Tabata Amaral, do Movimento Acredito.
Por fim, a noite já tinha caído na cidade universitária quando Marina Silva começou a discursar no encerramento do evento. A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata às eleições presidenciais em 2010 e 2014 afirmou que mesmo com tão pouco tempo de televisão disponível (10 segundos para a propaganda) irá entrar no pleito com disposição para ganhar.
_______________