"A vida sofrida retratada no relatório de fls. 58/64 exauriu-se com um tiro certeiro no crânio. Violência crua e sem detalhes na certidão de óbito. Não deixou bens ou testamento. Não era eleitor. Não deixou filhos. Ponto final."
De acordo com jornal local, o corpo do garoto foi encontrado em um canavial. Ele havia saído da Fundação Casa em outubro de 2016.
"Depois de vivenciar abandono, morte e violência e de ser punido por atentar contra a saúde pública quando sequer a sua recebia cuidados, o menino cheio de cáries morreu vitimado por arma de fogo."
No documento, após apontar que o projeto falhou, o defensor citou trecho da obra O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, ao dizer que o garoto "encontrou-se com o único mal irremediável".
"O menino Vitor 'cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre' ('Chicó' em O auto da Compadecida)."
"Todos os outros males remediáveis não foram remediados. E já não há mais tempo. Perdemos Vitor", afirmou o defensor. "Com repúdio à indiferença", requereu a extinção da medida e o arquivamento dos autos.
Veja a petição.