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Defensor pede extinção de medida socioeducativa de garoto morto e lamenta: "males remediáveis não foram remediados"

Em petição, o advogado cita O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, ao dizer que o garoto "encontrou-se com o único mal irremediável".

7/3/2017

"A vida sofrida retratada no relatório de fls. 58/64 exauriu-se com um tiro certeiro no crânio. Violência crua e sem detalhes na certidão de óbito. Não deixou bens ou testamento. Não era eleitor. Não deixou filhos. Ponto final."

Foram estas as palavras do defensor público Lucas Corrêa Abrantes Pinheiro, da 3ª Defensoria Pública de São Carlos/SP, ao descrever a morte de um adolescente de 15 anos, em petição na qual o defensor pediu a extinção da medida socioeducativa e o arquivamento dos autos contra o jovem.

De acordo com jornal local, o corpo do garoto foi encontrado em um canavial. Ele havia saído da Fundação Casa em outubro de 2016.

"Depois de vivenciar abandono, morte e violência e de ser punido por atentar contra a saúde pública quando sequer a sua recebia cuidados, o menino cheio de cáries morreu vitimado por arma de fogo."

No documento, após apontar que o projeto falhou, o defensor citou trecho da obra O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, ao dizer que o garoto "encontrou-se com o único mal irremediável".

"O menino Vitor 'cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre' ('Chicó' em O auto da Compadecida)."

"Todos os outros males remediáveis não foram remediados. E já não há mais tempo. Perdemos Vitor", afirmou o defensor. "Com repúdio à indiferença", requereu a extinção da medida e o arquivamento dos autos.

Veja a petição.


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