Francês preso nos EUA por ligação com os atentados de 11 de setembro pode ser condenado à morte
Agora o julgamento entra numa segunda fase, na qual os 12 jurados vão decidir se ele deve realmente receber a pena de morte por ter contribuído diretamente para a morte das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001 ou se será condenado à prisão perpétua.
Zacarias Moussaoui, um cidadão francês, de origem marroquina, de 37 anos, é a única pessoa presa nos Estados Unidos por ligação com os atentados de 11 de setembro. Ele foi preso em 16 de agosto de 2001, depois de despertar suspeitas no instrutor da escola de pilotagem que estava freqüentando no Estado de Minnesota.
"Mentira"
Ele estava preso em 11 de setembro, mas a acusação argumentou que, se Moussaoui não tivesse mentido para a polícia sobre os planos da Al-Qaeda quando prestou depoimento, o FBI teria conseguido evitar os atentados. Para conseguir a pena de morte, a acusação tem que convencer os jurados que ele é diretamente responsável pela morte das quase 3 mil vítimas dos atentados.
Em abril do ano passado, Moussaoui se declarou culpado de conspiração para o seqüestro de um avião para promover um ataque contra um alvo americano, mas negou que tivesse conhecimento específico sobre os planos para 11 de setembro. Durante o julgamento, ele deu declarações contraditórias, mas chegou a afirmar que estava treinando para um atentado contra a Casa Branca.
Na segunda-fase do julgamento, que começa na quinta-feira, os jurados vão ouvir depoimentos de familiares das vítimas.
Abrahm Scott, viúvo de uma das vítimas dos atentados, disse ao sair do tribunal em Alexandria, no Estado da Virgínia, perto de Washington, que espera que ele ou outros parentes de vítimas sejam ouvidos na segunda fase do julgamento.
"Não tenho dúvida de que ele merece a pena de morte", disse. Mas Scott afirmou que não culpa apenas Moussaoui pelo que aconteceu em 11 de setembro com a mulher e outras vítimas.
"Também culpo o governo por não ter agido para prevenir os atentados", afirmou. Ele diz que sabe que a condenação não vai trazer a mulher de volta, mas acredita que a morte de Moussaoui vai trazer conforto para as pessoas que foram afetadas pelos atentados.
"Os outros 19 sequestradores não estão aqui para serem julgados, mas acho que se ele for morto, justiça será feita", afirmou.
Moussaoui ouviu o veredicto em silêncio, mas deixou a sala de audiências gritando: "Vocês nunca vão conseguir meu sangue. Deus amaldiçoe todos vocês".
A decisão dos jurados foi anunciada após 17 horas de discussão, entre quarta-feira da semana passada e segunda-feira de manhã. Cumprindo o que foi combinado com a imprensa, a juíza anunciou às 15 horas do horário local que uma hora depois o júri entraria na sala de audiências para divulgar a decisão.
Para evitar confusão dentro do tribunal, com acesso restrito a alguns poucos repórteres e sem direito a câmaras, um porta-voz da Justiça leu a decisão do lado de fora do prédio. O pronunciamento foi transmitido ao vivo pelos canais de notícias americanos.
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Fonte: BBC