A Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno, na madrugada desta quinta-feira, 6, o texto-base da PEC que vincula o salário da AGU, da carreira de delegado da PF, das carreiras de delegado de Polícia Civil dos Estados e do DF e dos procuradores municipais a 90,25% do subsídio dos ministros do STF.
Foram 445 votos favoráveis e 16 contrários à proposta – substitutivo à PEC 443/09. A análise dos destaques ou demais emendas oferecidas ao texto deve ocorrer na próxima terça-feira, 11.
De acordo com o texto, esse índice será usado para encontrar a maior remuneração da carreira. Como o subsídio do Supremo atualmente é de R$ 33.763,00, esse teto vinculado seria de R$ 30.471,10, criando uma espécie de gatilho salarial, pois o aumento será automático assim que o subsídio dos ministros do Supremo aumentar no futuro.
O texto prevê um escalonamento dos demais integrantes dessas carreiras, contanto que as diferenças entre um e outro padrão não sejam superiores a 10% ou inferiores a 5%.
No caso da AGU, o salário em final de carreira do advogado-Geral da União passa de R$ 22.516,94 para os R$ 30.471,10.
Pauta-bomba
Por elevar os gastos públicos tanto da União quanto de estados e municípios, essa PEC é considerada uma das "pautas-bomba" que preocupam o governo e que podem prejudicar o esforço de ajuste fiscal.
Nota à imprensa divulgada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão indica que a aprovação da emenda significa aumento de R$ 2,4 bilhões no orçamento da União. Entretanto, há mais propostas também em tramitação na Câmara que preveem o mesmo mecanismo para outras carreiras, como Receita Federal, fiscal agropecuário, fiscal do Trabalho e Banco Central.
O ministério alerta que a inclusão dessas outras carreiras significaria um impacto de cerca de R$ 9,9 bilhões ao ano nas contas do governo Federal.
Estados e municípios
Além do aumento para as carreiras cujo pagamento é de responsabilidade da União e para os delegados da Polícia Civil, cuja responsabilidade é dos Estados, o substitutivo aprovado estende o gatilho salarial aos procuradores municipais das capitais dos Estados e dos municípios com mais de 500 mil habitantes.
Esse impacto orçamentário ainda não foi medido por Estados e municípios, mas a crise econômica deve inviabilizar a adoção desse critério de remuneração.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alertou que a votação do texto em segundo turno estará condicionada à aprovação da PEC 172/12, que proíbe a transferência de encargos a Estados e municípios sem a previsão de repasses financeiros necessários ao seu custeio. Essa PEC faz parte do debate sobre novos parâmetros relacionados ao pacto federativo.
Execução orçamentária
A proposta prevê que a implementação do gatilho salarial ocorrerá em até dois exercícios financeiros no caso da União e em até três exercícios financeiros no caso dos Estados, do DF e dos municípios.
Saiba mais sobre os efeitos da PEC:
Carreira |
Remuneração atual |
Remuneração prevista |
Aumento |
AGU |
Nível inicial: |
Nível inicial: |
Nível inicial: |
Delegados da Polícia Federal |
Nível inicial: |
Nível inicial: |
Nível inicial: |
Delegados da Polícia Civil do DF |
Nível inicial: |
Nível inicial: |
Nível inicial: |