Operação Babilônia prende 8 acusados de crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas
Escritório enviava dinheiro a paraísos fiscais via doleiros. Prejuízo com sonegação é estimado em US$ 30 mi. Veja abaixo matéria publicada na Folha de S.Paulo de hoje.
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A PF acusa o grupo de, ao longo dos últimos dez anos, pelo menos, ter dado um prejuízo de no mínimo US$ 30 milhões aos cofres públicos. O valor refere-se a quanto o Estado deixou de receber com a sonegação do dinheiro.
Segundo investigações feitas pela PF nos últimos seis meses, o escritório Zalcberg Advogados Associados organizou um esquema para lavar o dinheiro do caixa dois de grandes empresas por meio de remessas ao exterior, para empresas "offshore".
A Folha tentou ouvir o escritório. Como quatro sócios foram presos e um está foragido, funcionários disseram não haver ninguém para falar em nome deles. Contratado pelo escritório, o advogado Arthur Lavigne informou que não falaria sobre o caso.
Batizada de Operação Babilônia, a ação foi deflagrada pela PF durante a madrugada por 130 policiais que cumpriram no Rio oito mandados judiciais de prisão temporária e 30 de busca e apreensão. Em São Paulo, havia um mandado de prisão e oito de busca e apreensão.
Dos oito procurados no Rio, sete foram presos: os advogados e sócios Chaim Henoch Zalcberg, 76, sua neta Taíssa Horovitz Balassiano, Alcindo de Azevedo Barboza, 74, e Shirley Andrade Santos; o contador Manuel Ilídio Campos Barreiro; e os supostos "laranjas" Fabrício de Oliveira Silva e Adaílton Guimarães, o Bigode. A PF não conseguiu prender o quinto sócio do escritório, Antônio Wanis Filho.
Em São Paulo, foi preso o advogado Renato Bastos Rosa, acusado de ser um dos "laranjas" do esquema. Há ainda um mandado de prisão contra um cidadão uruguaio, cujo nome não foi divulgado. Ele estaria no Uruguai. Será preso caso ingresse no Brasil.
Segundo o delegado Algacir Mikalovski, Zalcberg lidera grupo formado por advogados e empresários sob investigação desde o caso do propinoduto (2003), que envolvia fiscais do governo do Estado do Rio e empresários.
O escritório ofereceria aos clientes um modelo do que a PF chama de blindagem patrimonial. Na prática, a operação significava a legalização de recursos de caixa dois. Supostamente orientados pelo escritório, os clientes abriam no país uma empresa limitada de pequeno capital social, geralmente do ramo imobiliário.
A seguir, recorriam a paraísos fiscais (Uruguai, Panamá, Ilhas Cayman e Ilhas Virgens) para a abertura das "offshores". O dinheiro do caixa dois dos clientes era então enviado aos paraísos fiscais, por meio de doleiros.
Outro recurso era usar as empresas limitadas em um esquema de simulação de empréstimos no exterior. O dinheiro para pagá-los sairia das "offshores".
Com o dinheiro já no exterior, o reingresso ocorria da seguinte forma: as "offshores" aplicariam a quantia nas empresas limitadas, como forma legal de investimento de uma empresa estrangeira em companhias nacionais.
No Brasil, o dinheiro "limpo" era investido no mercado imobiliário. O delegado disse suspeitar que condomínios em "áreas nobres" do Rio tenham sido construídos com dinheiro "lavado" pelo esquema fraudulento que o escritório teria montado.
Os nomes dos clientes do escritório não foram divulgados.
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