Advogados armam tumulto para barrar cassação
Luiz Francisco Barbosa e Itapuã Messias abandonaram a reunião depois bater boca como relator, Jairo Carneiro (PFL-BA). Carneiro leu o que chamou de “esclarecimento” do parecer apresentado na segunda-feira, que não admite a existência do mensalão, mas indícios de corrupção. Ele questionou a base jurídica dos argumentos da defesa e os advogados subiram o tom. Barbosa o acusou de apresentar um “aditamento formulado na madrugada, na undécima hora” e tentou anexar ao processo recortes de jornal sobre o relatório conjunto das CPIs dos Correios e da Compra de Votos – prova, segundo ele, de que o mensalão existiu.
“Diante da intervenção do senhor relator, temos de sair da Europa Oriental e vir para a América do Sul. A decisão é fascista sim, vamos para a Argentina, onde a polícia dizia ‘tem razão, mas vai preso!’ ”, reclamou Barbosa. A discussão seguiu e, quando ele insistiu que “o Brasil inteiro” soube do teor do voto de Carneiro com antecedência, o relator protestou, com murro na mesa: “O senhor está me ofendendo, desaforo não!”
Confirmada a recusa sobre o adendo da defesa, sob argumento de que a fase de instrução do processo havia terminado, o bate-boca correu solto. Izar cortou os microfones de advogados e deputados. Foi a deixa. Barbosa, Messias e assessores de Jefferson deixaram a sala 42 minutos depois do início da sessão. “Se o rito do processo é violado e não se dá a mesma oportunidade à defesa, o que faria a defesa lá?”, protestou Messias. “Isso é bandejão, não aceito prato feito!”, disse Barbosa, primeiro a se levantar. Líder do PTB, José Múcio (PE) evitou comentários. “Só os advogados podem responder, têm essas práticas jurídicas, essas artimanhas que só eles entendem.” Ontem mesmo eles apresentaram recurso ao conselho, devem brigar na Comissão de Constituição e Justiça e podem chegar ao STF.
____________