Migalhas Quentes

MPF/SP ajuiza ação para que CEF deixe de recusar seguros de vida para pessoas com deficiência

Ação civil pública foi distribuída à 12ª vara Federal Cível.

20/3/2012

Seguro

MPF/SP ajuiza ação para que CEF deixe de recusar seguros de vida para pessoas com deficiência

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em SP ajuizou ACP, com pedido de liminar, para que a CEF e a Caixa Seguradora S.A. sejam impedidas de recusar a contratação de seguros de vida por pessoas com deficiência. A prática, confirmada pela própria instituição financeira, é considerada ilegal e discriminatória.

O caso começou a ser analisado no ano passado, quando o MPF em Jaú, no interior paulista, recebeu a denúncia de uma pessoa com deficiência que teve seu pedido rejeitado pela Caixa sob o argumento de estar "fora das normas de aceitação". Questionada pelo MPF, a instituição financeira informou que o caso foi analisado por sua assessoria de saúde e recusado porque "a condição clínica determina a agravação do risco do seguro proposto".

Como tem abrangência nacional, o inquérito foi transferido para a PRDC, que entrou em contato com a Susep - Superintendência de Seguros Privados a quem cabe a regulação dos seguros no Brasil. A Susep atestou que "a seguradora não apresentou justificativas para a recusa", deixando transparecer que "a rejeição da proponente ocorreu pela razão única de ser portador de deficiência, configurando a discriminação".

Para o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão Jefferson Aparecido Dias, "ao considerar que uma pessoa com deficiência não pode contratar um seguro de vida, utilizando-se de uma justificativa incabível, a instituição financeira age contra o princípio da isonomia". Ele considera a atitude da Caixa discriminatória e ilegal, por tratar de forma diferente consumidores iguais, pelo simples fato da deficiência que possuem.

A própria regulamentação de seguros privados no Brasil combate a discriminação. O artigo 32 da circular Susep 302, de 19/9/05, afirma que "a rejeição de proponente pela razão única de ser portador de deficiência configurará discriminação e será, por consequência, passível de punição nos termos da regulação específica".

Além de ferir os direitos fundamentais do cidadão, Dias considera que a postura da Caixa também fere os Direitos do Consumidor. "Negar serviços securitários ao consumidor com deficiência viola vários princípios e direitos dos consumidores", apontou.

A situação é ainda mais grave, na visão do MPF, pois a Caixa é o principal agente de políticas públicas do governo federal, atendendo todos os trabalhadores formais da iniciativa privada através do pagamento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), PIS (Programa de Integração Social), seguro desemprego e diversos programas sociais. "Isso faz com que ela também seja procurada para a contratação de seguros de vida", lembrou.

Na ação, o MPF requer que eventual decisão da JF tenha validade em todo o território nacional.

A ACP foi distribuída à 12ª vara Federal Cível.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

Em Júri, promotora acusa advogados de seguirem "código da bandidagem"

19/11/2024

Operação Faroeste: CNJ aposenta compulsóriamente desembargadora da BA

21/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024