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Um pouco da vida do parnasiano Olavo Bilac

Olavo Bilac é conhecido, no cenário cultural brasileiro, como o autor do célebre soneto em homenagem à Língua Portuguesa ["Última flor do Lácio, inculta e bela (...)"], dos versos que conclamam todos os amantes a ouvir as estrelas ["Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!"(...)], como o grande representante do Parnasianismo, movimento literário capitaneado pela ideia do verso rigorosamente obediente à métrica, às rimas rebuscadas, à elaboração cerebrina.

28/11/2011

Olavo Bilac

Um pouco da vida do parnasiano Olavo Bilac

Olavo Bilac é conhecido, no cenário cultural brasileiro, como o autor do célebre soneto em homenagem à Língua Portuguesa ["Última flor do Lácio, inculta e bela (...)"], dos versos que conclamam todos os amantes a ouvir as estrelas ["Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!"(...)], como o grande representante do Parnasianismo, movimento literário capitaneado pela ideia do verso rigorosamente obediente à métrica, às rimas rebuscadas, à elaboração cerebrina.

Nascido em 1865, no Rio de Janeiro, filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e Delfina Belmira dos Guimarães Bilac, viveu sua primeira infância sob o signo da Guerra do Paraguai, conflito em que seu pai serviu, como médico, por longos cinco anos. Saudoso do pai, ciente das apreensões da mãe, a guerra e seus personagens seriam, durante toda a vida do escritor, temática cara, recorrente, que lhe povoariam as reminiscências e lhe inspirariam respeito:

"Pertenço à geração dos que ainda não eram nascidos ou apenas engatinhavam, quando começou a guerra do Paraguai. (...) O que sei, é que a época era dura e má. Quantos, como eu, cresceram assim, na casa privada do chefe, numa vida incerta, intercalada de sobressaltos – longos meses em que faltavam as cartas de lá, – dias depois, em que chegavam cartas, não raro trazendo luto à família – cinco anos amargurados, sem festas nem alegrias... (...) Quando caía a noite, em cada casa ardia, diante do oratório, a lamparina devota. E os que têm hoje a minha idade, sem saber o que aprendiam, aprendiam a rezar, antes de dormir, pelos que andavam expostos às balas e ao escorbuto, aos charcos do Sul, empenhados numa luta bárbara...

(...)

Eu, que pertenço a essa geração, guardei sempre inalterável o ardor da minha admiração pelos homens e pelos acontecimentos da guerra do Paraguai. E ainda hoje sinto o coração invadido de uma onda de ternura e de piedade, quando vejo um velho soldado desse tempo, ou um dos velhos canhões que andaram por lá aos solavancos, ou um dos velhos navios que cruzaram o Paraná, dentro de nuvens de fumo, vomitando metralha sobre as trincheiras paraguaias."

Aos 15 anos de idade, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, atendendo às expectativas do pai, que esperava que o filho seguisse a tradição familiar iniciada pelo bisavô. Mas embora a tenha frequentado por cinco anos consecutivos, participado ativamente do jornal dos estudantes, a Gazeta Acadêmica, proferido ali discursos memoráveis, o rapaz não colou grau, desistindo do curso e da profissão no quinto ano da faculdade.

Os pendores para as Humanidades fez com que rumasse para São Paulo, onde frequentou por dois anos (1886-1888) a Academia de Direito do Largo de São Francisco. Embora pequena e pacata cidade, a capital paulista encontrava-se movimentada pela campanha abolicionista, contexto em que Bilac travou relacionamento com a imprensa profissional, trabalhando no Diário Mercantil e colaborando com a revista Vida Semanária. Mas as aulas dessa Academia também não lhe seduziram. É o próprio Bilac quem nos conta:

"aqui [em São Paulo] estive de 1886 a 1888, oficialmente estudando Direito, mas na realidade vadiando e fazendo versos, o que é quase a mesma coisa".

Retorna Bilac ao Rio de Janeiro sem nenhum diploma. Mas o cenário para o escritor já era outro: seu primeiro livro de poemas (Poesias, 1888) encontrou ampla acolhida pela crítica e pelo pequeno público leitor do Brasil de então, fazendo com que se lhe abrissem as portas da imprensa carioca.

Mas essa já é uma outra história, que conheceremos amanhã.

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