Presença de Lobato
Conheça abaixo o recém-lançado livro “Presença de Lobato”, de Paulo Dantas, editado pela RG Editores.
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Prefácio
Para mim, ser convidado a prefaciar um livro de Paulo Dantas já é um privilégio. Faze-lo de uma obra escrita sobre Monteiro Lobato é um deleite.
Vivemos em um país que nos amargura pela falta de auto-estima, de respeito aos seus personagens, de descaso e abandono da cultura pátria para dar valência aos pseudocomunicadores.
Lobato, homem engajado, deveria ser cultuado. Mais ainda, deveria ser texto das escolas primárias brasileiras. Mas texto permanente, sobretudo pela sua atualidade, que não modificou a realidade da época em que viveu.
Posso testemunhar isso. Se adquiri amor acendrado ao meu país, a causa foi Lobato. Mas não o Lobato somente das obras infantis,mas o homem lutador pelos ideais mais candentes da nossa terra e, sobretudo, do nosso povo.
E Paulo Dantas, com a presença de Lobato, ao ensejo do seu centenário, retrata a grandeza desse brasileiro probo, sério e de um coração transbordante de amor ao seu próximo. Parte do Vale do Paraíba, que seria, se não houvesse tanta comparação no país, o Ruhr nacional, mostrando que o povo da região expressa sentimentos de uma forma expletiva.
De outro lado, colocando a luta de Lobato, sua permanente atuação em todos os eventos ocorridos no país até a sua morte, que ocorreu em 1946. Recordo-me, porque fui ao velório na Biblioteca Municipal. O dia era chuvoso e condizia com a tristeza e o acabrunhamento do país recém-ingresso na democracia.
A obra de Dantas é marcante. É valiosa. Era necessária. Arremato: imprescindível para o reenfoque do personagem Lobato.
O título do livro faz-me lembrar os sussurros dos estudantes chilenos no féretro de Neruda, logo após o golpe de Pinochet, quando diziam, com fervor: “Se siente, se siente, Neruda está presente”.
A Presença de Lobato, por Paulo Dantas, traz a necessidade de refletir sobre esse personagem que marcou gerações, mas que o brilho massificante e globalizante levou-o ao olvido, uma vez que ele sempre defendeu as causas mais nobres da nacionalidade.
Jayme Vita Roso
Presença de Lobato
A estranha riqueza existencial de Paulo Dantas é assustadora. Incorporado emocionalmente à ambiência telúrica, mitológica, e mágica do sertão, revelou-se um provocador da natureza, amando-a e rompendo o casulo de suas intimidades.
Conseguiu, quase beirando o limbo (possui a Ingenuidade das crianças) dos paradoxos, viver na cidade grande sem se corromper, mantendo-se fiel às origens de sua condição vital.
Nota-se que a fidelidade à terra se iguala à da amizade, encontrando-se entre os eleitos o inesquecível Monteiro Lobato, participando ambos de um banquete mais farto do que o de Platão, pois abandonado o racional que afasta a emoção mais pura.
Neste livro Paulo Dantas atingiu o auge de sua sensibilidade, expressando a fonte dos seus sentimentos, sem censuras ou recortes, vislumbrando-se apenas a tensão que se mantém forte e incorruptível. O coração é mais aberto na presença do amigo.
E não se diga (a maldade leva ao fogo dos infernos) que Paulo Dantas apropriou-se da obra ou da personalidade de Monteiro Lobato. Quem assim o afirmar incide em dupla miopia: a ética e a jurídica. Demonstrando, ainda, desconhecimento literário quanto à abrangência da criação.
Podendo ser titulado como apologia emocional, o fato é que, mesmo se marginalizada tal denominação, a parte do livro relativa a Lobato vem sublinhada, demonstrando as citações a lisura com que Paulo Dantas enfrentou e absorveu o desejo de projetar uma amizade sem arestas.
Está-se diante de um texto válido, sem manchas, pronto para ser lido por aqueles que não arquivaram a nobreza do espírito e se rendem perante a beleza do amor.
Péricles Prade
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