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OAB/RJ alerta para desmobilização e cobra política permanente às cidades atingidas pelas enchentes
Após visitar, nesta quarta-feira, 26/1, a cidade de Nova Friburgo, Damous se disse alarmado ao constatar que já se percebe um cenário de desmobilização por parte das autoridades e agentes de saúde. "Friburgo e qualquer das outras cidades que foram atingidas não conseguirão, sozinhas, superar essa tragédia. A política pública por parte do governo deve ser ampla e em vários sentidos, não só focada na reconstrução de casas. Não temos visto nenhuma medida neste sentido".
No relato feito ao governador, o presidente da OAB/RJ se diz especialmente em alerta para os indícios de desmobilização por parte das autoridades. Segundo ele, Nova Friburgo, além do cenário de destruição, é uma cidade extremamente empoeirada, com pessoas usando máscaras porque não conseguem respirar, e o hospital de campanha que funcionava na praça já foi desativado. "Como há desativação se a estrutura de saúde de Friburgo já era precária e ficou muito pior após a tragédia? É óbvio que a situação de crise e emergência já passou, mas os problemas deixados após a tragédia são complexos", afirmou.
Segundo Damous, também corre pela cidade um boato de que a busca por corpos de desaparecidos prosseguirá somente até a próxima sexta-feira. A notícia, se confirmada, será um erro absurdo na avaliação do presidente da OAB fluminense, visto que há locais isolados em Friburgo onde só se chega de helicóptero ou a cavalo. Wadih Damous ainda alertou o governador para a grave crise de desemprego que acometerá a cidade, uma vez que muitas empresas simplesmente acabaram. Segundo ele, também não tem sido feito um trabalho de assistência social sério junto às pessoas que perderam moradia e parentes, o que tem impulsionado assustadoramente o consumo de bebida alcoólica na cidade.
Outro ponto destacado no documento a Cabral é o fato de que a população tem se recusado a sair das áreas consideradas de risco porque os alojamentos do governo são mal equipados. Segundo Damous, já foram ofertadas à prefeitura as mesmas tendas utilizadas no Haiti e que são melhores do que os abrigos mantidos pela prefeitura. "No entanto, não se vê iniciativa no sentido de encontrar uma área para instalar essas tendas, oferecidas gratuitamente aos desabrigados e que ainda não estão sendo aproveitadas".
Damous finaliza defendendo que não pode haver desmobilização, pois a crise estrutural decorrente da tragédia está nas cidades para quem quiser ver, com pessoas desalojadas, desempregadas e com graves problemas psicológicos. "Se essas pessoas forem simplesmente deixadas à própria sorte, não vão conseguir se recuperar".
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