A classe política vai se sentindo ameaçada a partir dos movimentos que mostraram, nos freios e contrapesos, o Judiciário como superpoder. Vê-se isso em vários lances. Observemos apenas três como exemplo. Primeiro, quando o Supremo declarou a inconstitucionalidade da doação de empresas a políticos e a partidos. Quer-se a todo custo provar nestas eleições municipais que isso não foi factível. Do ponto de vista deles, talvez não mesmo. Mas no ângulo do eleitor, a coisa vai bem, obrigado. O segundo ponto que apavora a classe política é acerca do novel entendimento do STF que permite a prisão a partir da decisão condenatória em 2ª instância. Evidentemente que há um verdadeiro e legítimo debate jurídico nesta questão, mas os contrários à mudança na jurisprudência, com argumentos valorosos, estão sendo engrossados por políticos que estão agindo em causa própria. Tanto isso é fato que já há um movimento para, diante da eventual negativa do Supremo, engatar uma PEC. Terceiro, o que se deu outro dia, quando próceres da política, alguns até com pé no parquet, articularam a votação de um PL que iria criminalizar o caixa 2 e, por via de consequência, tornar atípica a conduta antes da lei. Tudo isso, e obviamente não para por aí, faz parte da movimentação do meio político que vê o cerco se fechando. Nesse puxa-corda, quem vai levar a melhor?