Migalhas de Peso

As bolhas eminentes

O aumento do limite da dedução de compulsórios para R$ 300 milhões, e a disponibilização de R$ 24 bilhões exclusivos para a compra de carteira de bancos menores e ampliação da linha de crédito para exportações em R$ 5 bilhões, provavelmente não será suficiente para deter a crise no mercado financeiro. Hoje a força motriz da crise é o "fator confiança". A queda do preço das commodities, e a incerteza de que realmente a antecipação de R$ 5 bilhões para o crédito rural sejam suficientes, acabam sendo fatores que contribuem para o aprofundamento da crise no Brasil.

9/10/2008


As bolhas eminentes


Fernando Rizzolo*

O aumento do limite da dedução de compulsórios para R$ 300 milhões, e a disponibilização de R$ 24 bilhões exclusivos para a compra de carteira de bancos menores e ampliação da linha de crédito para exportações em R$ 5 bilhões, provavelmente não será suficiente para deter a crise no mercado financeiro. Hoje a força motriz da crise é o "fator confiança". A queda do preço das commodities, e a incerteza de que realmente a antecipação de R$ 5 bilhões para o crédito rural sejam suficientes, acabam sendo fatores que contribuem para o aprofundamento da crise no Brasil.

No âmbito internacional, não há dúvida que a China irá exportar e consumir menos, e isso poderá gerar um tipo de "bolha chinesa", vez que terão que direcionar sua produção para o mercado interno, ainda pobre e com um consumidor de caráter poupador, pouco induzido ao consumo. O fato do consumo interno dos emergentes diminuir, nos levará ainda mais a uma desvalorização das commodities que são hoje nosso carro chefe exportador.

Por outro lado, a escassez de crédito no Brasil, irá gerar um custo financeiro maior, que em conjunto com a desvalorização cambial rápida, nos levará certamente a um índice de inflação maior em 2009. Por último, ficaria a dúvida se as reservas acumuladas no país serão efetivamente suficientes em casos de tempestades que ainda estarão por vir, até porque não sabemos a dimensão da crise.

Talvez a questão mais interessante e que nos levaria a uma reflexão nesta crise, é o fato de que o mundo está à beira de estatizar o sistema bancário; na verdade, a atribuição à crise pela pouca intervenção estatal ocorrido no setor bancário privado mundial, nos levou a reconsiderar o papel regulador do Estado, condenando de vez o liberalismo financeiro. Uma bandeira ideológica do passado, virou a verdade atual; o que de certa forma, em vista da influência da esquerda em alguns países como o Brasil, trouxe do ponto vista econômico interno certo conforto.

Na verdade, o governo deve repensar sua política de gastos públicos, até porque não haverá dinheiro suficiente para pisar no acelerador, e socorrer a economia num momento crucial como este. A grande diferença da crise do momento em relação às outras, é que além do fator risco, os provedores de crédito poderiam até não se contaminar pelo "fator confiança", mas o pior é que desta vez a maioria nem sequer tem mais recursos para emprestar.

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*Advogado Criminalista, ex-professor universitário. Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil. Membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP

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