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Incompetência, oportunismo e ideologia, no mar do Xaraés

Já deu “pano-prá-manga”e, talvez, lucro para alguns, o decreto estadual sobre a autorização de usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai

27/10/2004

Incompetência, oportunismo e ideologia, no mar do Xaraés


Valfrido Medeiros Chaves*



Já deu “pano-prá-manga” e talvez, lucro para alguns, o decreto estadual sobre a autorização de usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai. Padecendo de uma inadequação jurídica, a medida teve que ser revogada. Nesse hiato de tempo, rápido estabeleceu-se a polêmica sobre “autorização para usinas de álcool no Pantanal”, o que é uma distorção considerável sobre o tema, pois nada havia no ato legal que apontava para esse tipo de “autorização”, na medida em que “Pantanal” é uma coisa “Bacia do Alto Paraguai" é outra! Boa fé e ingenuidade de uns, se somaram a oportunismo e equívocos, para dificultarem uma discussão necessária sobre nossa temática econômica e ambiental.

Fontes da maior responsabilidade nos informam que houve rápida e oportunista “catança” de dinheiro no exterior, para se promover uma cruzada contra mais essa “impactação antrópica do bioma Pantanal”. Sem dúvidas muita coisa, em nosso entorno, impacta nosso mundo natural, nossa cultura e valores: uso inadequado dos recursos naturais, falta de respeito às culturas locais, por parte de alguns “donos da verdade ambientalista” e oportunismo no encaminhamento de discussões necessárias, tal como essa das usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai.

Há muito se sabe que as temáticas ambiental, indigenista, social e fundiária tem sido usadas como “Cavalo de Tróia” para impactar tanto nosso desenvolvimento econômico, quanto nossa cultura e instituições democráticas. Um projeto para a construção de uma estrada até ao Pacífico e um porto brasileiro no Peru, durante o governo Sarney, financiado pelo Japão, foi torpedeado pelos interesses transnacionais hegemônicos, com subterfúgios preservacionistas focados na Amazônia.

As mesmas vozes entoam propostas dogmátias e sem argumentação, para impedir o melhoramento de pastagens no Pantanal, prática que faz parte de uma evolução natural do manejo promovido pelos pantaneiros há mais de 30 anos, sem que ninguém conseguisse apontar um só efeito negativo dela proveniente. Viabilizando a economia local, o melhoramento de pastagens também suprime o acúmulo de biomassa que alimenta os grandes incêndios e, portanto, preserva as terras pantaneiras e a qualidade da atmosfera, afastando do brasileiro a “carapuça’ de incendiário... A quem será que tais avanços contrariam? A quem interessaria manter e atribuir à fumaça do Pantanal a responsabilidade pelo aquecimento global do planeta, se não aqueles que se negam a assinar o Protocolo de Kioto e, aqui, pretendem nos dar lições sobre nossa própria realidade?

Sabe-se ainda que a integração fluvial e a navegação entre nosso Norte e Centro-Sul se reveste da maior importância geopolítica : Estudos mostram uma programática tentativa de se criar reservas indígenas e unidades de preservação para que venham a ser utilizadas como impedimento, tanto de nossos projetos de navegação, quanto de geração de energia elétrica e ocupação de nossos vazios geográficos.

Lembramos ainda que em acampamentos de ditos “Sem Terra”, foi há pouco (Correio do Estado de 8.9.03) apreendido material pedagógico para lavagem cerebral de crianças, preparando-as para futuros guerrilheiros, sob o olhar benevolente do aparelho estatal, inclusive do setor que se define como tendo por função “a defesa da democracia”. Os mesmos setores estatais assistem passivamente nossos injustiçados indígenas serem transformados em bucha de canhão, manipulados por entidades exóticas, à luz do dia, e jogados contra nossa comunidade rural. Através de tais ações, além de desviar a atenção da inoperância do Estado brasileiro na promoção social das populações indígenas,, que interesses transnacionais e ideológicos se acasalam para semear ódios e descrença nas Leis, desestabilizando tanto a produção, como nossa frágil democracia? Que sectarismo e ideologia impede que aqueles incumbidos de “zelar pela democracia e pelos direitos indígenas” cumpram seu papel constitucional? Estamos vendo as instituições serem atropeladas e ocupadas por uma ideologia a qual interessa ver nossos povos indígenas alucinarem que estão àcima das Leis e avançarem em práticas criminosas?

Diante de todas essas variáveis nefastas benditas sejam nossa liberdade de imprensa e a santa loucura de nosso homem do campo que, neste momento, planta, colhe, gera empregos como nunca e dá lastro a governos que, nem sempre, expressam respeito a quem não deixou a peteca cair e cumpre com galhardia o princípio bíblico: “com o suor de teu rosto comerás o teu pão”!

E que Deus continue a ser brasileiro!
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*Psicanalista





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