Brasil alcança o patamar de Investment Grade
Paulo Henrique Rage*
Os motivos principais que levaram a agência americana a classificar o Brasil como Investment Grade foram: a redução do déficit orçamentário, as melhores perspectivas de crescimento e a redução da dívida externa. Quanto à divida externa brasileira, o fato de o Banco Central ter anunciado que as reservas cambiais do Brasil, que já atingiam a monta de 200 bilhões de dólares, ultrapassavam o valor da dívida externa dos setores público e privado inspirou grande confiança nos investidores, pois, provou que o Brasil tinha caixa suficiente para honrar todos os seus compromissos financeiros internacionais.
Fora os motivos acima, o fato de o Brasil não estar mais tão vulnerável às oscilações do mercado internacional, foi também decisivo para que o país alcançasse o novo posto. A atual crise do sub-prime nos EUA não teve reflexos de grande magnitude na economia brasileira, que agora não mais entra em crise ao menor sinal de turbulência nos mercados internacionais. O crescimento do PIB que em 2007 alcançou 5,4%, e com expectativas de atingir 5% em 2008, demonstram o vigor e a solidez da economia brasileira que aponta para um caminho de crescimento sustentável nos próximos anos.
Antes que o país tivesse atingido o Grau de Investimento, os investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2007 foram de U$ 34,6 bilhões de dólares, recorde histórico no país. Com o mercado de ações do país em forte alta, tendo a Bovespa atingindo 70 mil pontos, o novo posto acarretará um grande aumento dos investimentos estrangeiros em portifólio, ou seja, em ações, títulos públicos, papéis dentre outros. A expectativa com a nova classificação é de que o país aumente vertiginosamente a atração de capital internacional.
Cabe ressaltar que, nos últimos anos, o Brasil deu um grande passo para o fomento dos investimentos estrangeiros, notadamente quanto à regulação da legislação que regulamenta o Mercado de Capitais. A CVM vem editando medidas que têm estimulado o investimento, principalmente, de investidores internacionais inspirados por regras mais atraentes para repatriação dos lucros, tributação menos onerosa sobre as operações e facilidade de registro dos capitais. Apesar de o Brasil ainda continuar com um sistema jurídico complexo, a regulamentação do mercado acionário no país é bastante clara e avançada.
No cenário econômico mundial, a nova classificação brasileira colocou o país no mesmo patamar dos emergentes do BRIC, o que abre grandes portas aos investimentos de grandes fundos internacionais. A importância dessa nova classificação, em termos práticos, seria de que grandes fundos de investimentos de países desenvolvidos, importantes investidores mundiais, detêm em seus estatutos a exigência de que os seus recursos só podem ser aplicados em países com Grau de Investimento. Para consolidar ainda mais esta nova classificação, o Brasil espera ainda que uma segunda agência também o conceda o Grau de Investimento para que, definitivamente, não tenha mais restrições à aplicação de recursos internacionais. A respeitada agência Moodys também já sinaliza claramente neste sentido, o que gera entusiasmo para os brasileiros.
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*Membro do Fórum Mineiro de Jovens Lideranças, gerente de Relações Institucionais do escritório Manucci Advogados
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