Ética Urgente: Resgatando os Valores Profissionais na Comunicação Empresarial
Luiz Alves*
Embora sua significação não seja única e imutável, mas sim contextualizada, segundo o dicionário Aurélio, ética "é o estudo dos juízos de apreciação referentes à condição humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto", é preciso, portanto, compreender o papel norteador da ética nas empresas e instituições brasileiras: o de direcionar a política organizacional, não de forma verticalizada, mas sim participativa e que também atendam aos interesses sociais.
Nota-se, contudo, que na maioria das vezes se torna difícil ir de encontro com a ética nas empresas, quando o assunto é o interesse público, já que se vivencia uma época de crises: a econômica, a política, a social e inclusive a de valores, sem falar na crise democrática, na qual seus princípios como a liberdade, participação, igualdade, diversidade e solidariedade costumam se tornar signos passíveis de uso ideológico a serviço do capitalismo.
Sem dúvidas, vivencia-se um "narcisismo dominante", onde indivíduos e organizações tendem a fascinar-se com a própria imagem fabricada, correndo o risco de se perder na construção de uma fachada, que muitas vezes não condiz com a própria prática e identidade. Com o uso de fetiche e artifícios, em tempos atuais, basta aparecer para ser ou parecer nos atos meramente performativos, nos Big Brother’s da mídia. Além disso, em plena era da "responsabilidade social" é comum observar organizações levando vantagens fiscais, mediante exibição e projetos que se dizem sociais, mas que nem sempre atendem ao que se propõem.
Encontrando o Caminho.
Como o Relações Públicas se posiciona neste cenário esquizofrênico? O desafio está lançado. A primeira lição que se pode obter da ética enquanto Relações Públicas é a sua vivência cotidiana. Isso significa fazer do compromisso com a verdade, da ética um coadjuvante inseparável da estética, dois dos princípios norteadores da prática.
Sendo assim, um espaço de diálogo e debate entre comunicólogos, comunidade e empresariado, numa perspectiva social e humana se torna crucial para a reestruturação do modelo de gestão nas empresas. Este projeto teria como premissa um dos "Princípios Básicos dos Direitos Humanos", o de um ambiente coletivo que proporcione qualidade de vida aos atores sociais, e isto, implica a implantação de programas efetivos voltados à educação, saúde, moradia e proteção ao meio ambiente nas empresas e não simples ações efêmeras e assistencialistas.
Nota-se, contudo, que a compreensão mútua entre os grupos sociais é também essencial para que o respeito, a tolerância e a dignidade não sejam meras imagens esvaziadas de sentido. E dessa forma os profissionais de Relações Públicas possam tornar educadores, facilitadores e tradutores como disse Vera Giangrande no terceiro Congresso de Jornalismo Empresarial, Assessoria de imprensa e Relações Públicas,
"Educadores no ajudar as pessoas a entenderem todos os ângulos e conseqüências antes de tomarem uma decisão, facilitadores para que neste mundo de crescente complexidade, tornar as coisas mais simples e compreensíveis; tradutores no uso da palavra mais adequada e clara para que a informação não se distorça". (GIANGRANDE, 2000)
E assim se possa caminhar juntos com os valores profissionais que perpetuam a ética e a cidadania, contribuindo para uma sociedade mais justa, consciente e, sobretudo, democrática.
REFERÊNCIAS
AURÉLIO, B.H.F, Novo dicionário da Língua portuguesa, RJ, 1975.
TORQUATO, Gaudêncio, Tratado de Comunicação Organizacional e Política. São Paulo: Pioneira, Thomson Learning, 2002.
ALVES, J.A. Lindgren, Os Direitos Humanos na Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU, 1948.
DEFLEUR, Melvin L. Teorias da Comunicação de Massa, São Paulo, 1997.
ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados, Editora Perspectiva, São Paulo 2000.
LAKATOS, Eva Maria Marconi. Fundamentos da Metodologia Ciêntifica, Atlas São Paulo, 2001.
PERUZZO, Cicília Krohling. Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista. 2.ed. – São Paulo, SUMMUS, 1986.
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*Membro do escritório Machado Neto, Bolognesi, Azevedo e Falcão (MBAF Consultores e Advogados)