Nos últimos anos, tenho acompanhado de perto a angústia de trabalhadores que, mesmo doentes e incapacitados temporariamente, se veem diante da negativa do INSS ao solicitarem o auxílio-doença. É uma realidade dura, que afeta não apenas a estabilidade financeira dessas pessoas, mas também sua saúde emocional e dignidade.
O auxílio-doença é um direito de quem contribui com a previdência social e, por razões médicas, não consegue exercer sua função por um tempo. Parece simples, mas o caminho até a concessão do benefício pode ser cheio de barreiras: exigências burocráticas, laudos que não são aceitos, divergências entre o médico do paciente e o perito do INSS. Tudo isso faz com que muitos pedidos sejam indeferidos.
Muitas vezes, a negativa acontece por motivos evitáveis, como documentação incompleta, falta de clareza nos laudos, ou mesmo desconhecimento sobre os requisitos do benefício. Outras vezes, a recusa é mais complexa, como nos casos em que o INSS considera que a doença apresentada não é incapacitante, mesmo quando o trabalhador claramente não consegue cumprir suas funções.
Quando o benefício é negado, o mais importante é não desistir. É possível apresentar recurso ou mesmo entrar com ação judicial, dependendo do caso. Mas é fundamental que cada situação seja analisada com atenção, para que a estratégia correta seja adotada.
Outro ponto delicado é quando o trabalhador não está em condições de retornar ao trabalho, mas também não tem o benefício concedido. Isso gera o chamado "limbo previdenciário": nem o INSS paga, nem a empresa aceita o retorno. E quem sofre com isso é o trabalhador, que fica sem renda e sem apoio.
Muitos chegam até mim após meses nessa situação, esgotados e inseguros. A orientação correta, feita com empatia e conhecimento, pode mudar completamente esse cenário. Já vi casos em que, com um novo laudo bem elaborado, foi possível reverter a decisão do INSS. Em outros, foi necessário acionar a Justiça. Cada caso é único e merece ser tratado com o cuidado que exige.
Não podemos normalizar o descaso com quem está doente. O sistema precisa ser eficiente, mas também humano. E enquanto isso não acontece, é nosso papel orientar, acolher e lutar pelos direitos de quem mais precisa.