Briga no cortiço
Sylvia Romano*
Sempre soube da liturgia do cargo do maior mandatário. Do respeito que se deve dar à primeira autoridade — respeito este que se espera ter a mesma reciprocidade, seja para nós espoliados brasileiros, seja no trato com os seus iguais, mesmo estes sendo o que são, em sua maioria.
Estou falando dos mandatários de alguns países da América Latina que até há bem pouco tempo, com seus discursos populistas e oportunistas, galgaram postos muito aquém de sua educação, formação e, especialmente, das condições psicológicas que qualquer primeira autoridade de uma nação deveria ter, mas que com promessas de amizade e cooperação conquistaram a confiança de nosso ingênuo presidente quanto às questões das relações internacionais.
Agora parece que um deles brigou com o vizinho e não está disposto a cumprir com o que pactuou e, sobretudo, quer ser a principal vedete deste espetáculo mambembe que se tornou a política em nosso continente.
Até ai tudo bem, sendo quem ele é não se pode esperar nada, além deste comportamento. Mas, infelizmente, o dito cujo ainda é o presidente de um país vizinho, no qual tenho a certeza que a maioria da população esclarecida está tão abismada como o resto do mundo frente aos descalabros de seu ditador.
Mas tornar esta desavença em uma briga de comadre, não se atendendo ligações telefônicas, nem ligando depois e, principalmente, tornando esta "birra" pública através da imprensa, me faz mais uma vez afirmar — bem como acredito que diria o nosso grande e saudoso escritor Plínio Marcos — É briga de cortiço!
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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados
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