Em 18/8, celebramos o Dia do Estagiário, data que nos convida a refletir sobre o papel dos jovens profissionais na construção do futuro da advocacia. Afinal, vivemos em uma era de transformação digital, em que a inovação tecnológica tem impactado significativamente a maneira como advogamos e conduzimos nossos escritórios. Nesse contexto, os estagiários de hoje, nativos digitais, estão em posição privilegiada para protagonizar essa nova fase da profissão. E aqui há uma questão essencial a ser respondida: essa nova geração está sendo educada para utilizar as tecnologias como um meio e não o fim?
Os jovens que ingressam no mercado jurídico atualmente já nascem inseridos em um mundo no qual a tecnologia permeia todos os aspectos da vida cotidiana. A revolução digital trouxe consigo uma nova forma de pensar, de se comunicar e de acessar e produzir informações. Essa geração é intuitivamente adaptada ao uso de ferramentas tecnológicas, o que representa grande diferencial competitivo no mercado de trabalho. No entanto, é essencial que esse conhecimento tecnológico seja complementado por sólido senso crítico, ética e comportamento moral, características inerentes à profissão do advogado.
A IA, em particular, tem se mostrado uma ferramenta poderosa para otimizar tarefas rotineiras nos escritórios de advocacia. A utilização de ferramentas de IA generativa, por exemplo, permite automatizar processos que antes demandavam tempo e esforço dos profissionais, como a elaboração de contratos e a pesquisa jurídica. No entanto, essa inovação também traz desafios, especialmente no que diz respeito à qualidade, ética e confidencialidade.
Estamos vivendo um período de experimentação e o uso da IA precisa ser conduzido com responsabilidade. É fundamental, então, que os jovens profissionais compreendam que a IA não substitui - e nunca deve substituir - o trabalho humano, mas sim o complementa. A revisão e a validação dos resultados gerados por essas ferramentas continuam sendo indispensáveis, e a qualidade do trabalho jurídico depende, em grande parte, da capacidade de o advogado analisar criticamente as informações apresentadas pela tecnologia.
Portanto, a formação dos estagiários deve ir além do simples domínio das ferramentas tecnológicas. É necessário que esses futuros advogados sejam educados e motivados para usar a IA de forma consciente e ética, entendendo que sua principal função é auxiliar na realização de tarefas mecânicas, permitindo que o foco seja direcionado para o refinamento do trabalho e a tomada de decisões mais complexas. A tecnologia deve ser vista como aliada, e não como substituta do conhecimento e da sensibilidade humana. E isso precisa ser dito claramente.
Em um mundo onde a eficiência é cada vez mais valorizada, o ganho proporcionado pela IA é inegável. No entanto, é fundamental que os advogados do futuro estejam atentos para evitar erros e informações vazias que podem surgir da automatização. Mais que isso, é preciso rejeitar a desumanização do trabalho do advogado. A qualidade da jornada jurídica está intrinsicamente ligada à capacidade humana de interpretar, questionar e validar as informações e também intimamente relacionada à sensibilidade, à interpretação de contextos e à análise de fatos sociais que estão em movimento sistematicamente.
Neste Dia do Estagiário, é importante reconhecer o potencial da nova geração e a importância de sua formação contínua, que deve integrar tanto o uso responsável da tecnologia quanto a manutenção dos valores éticos que sempre guiaram a nossa profissão. A inovação é inevitável, mas a responsabilidade e a ética são indispensáveis para garantir que a advocacia continue a ser uma profissão que impacta vidas de forma positiva e justa.