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Tendências de M&A em 2024

Em 2023, fusões e aquisições no Brasil caíram 22% devido a incertezas políticas e econômicas globais. 2024 apresenta esperanças de recuperação, apesar do desalinhamento entre compradores e vendedores.

22/2/2024

O ano de 2023 foi atravessado por incertezas no cenário político e macroeconômico global que levaram a uma queda nas operações de fusões e aquisições no Brasil de aproximadamente 22% em relação a 2022, segundo o TTR Data. Mas quais aspectos teriam influenciado essa queda e o que esperar para 2024? 

Fatores como o início de um novo governo no Brasil, o aprofundamento de conflitos internacionais e a inflação global, com a elevação das taxas de juros em geral, concorreram para a diminuição de operações no período. 

O desalinhamento entre potenciais compradores, com pouco apetite a risco, e vendedores, com expectativas em relação ao valor histórico de transações, fez com que até mesmo operações iniciadas não fossem levadas a termo após a fase de due diligence, uma vez que os compradores ficaram mais exigentes em relação aos ativos, preferindo investimentos de menor risco.   

Apesar da contínua ambiguidade macroeconômica e de o mês de janeiro de 2024 ter registrado uma queda no número de transações no Brasil, em comparação ao mesmo período do ano passado (conforme o TTR Data), a avaliação do mercado para 2024 vem revestida de esperança, em razão de sinais de recuperação da economia mundial.

No Brasil, o ano de 2023 registrou um recorde de investimento estrangeiro, conforme levantamento da Seneca Evercore publicado no jornal Valor Econômico, indicando uma percepção internacional positiva a respeito do risco do mercado brasileiro. Considerando, ainda, que em dezembro de 2023 o S&P Global Ratings elevou a nota de crédito do Brasil, o país poderá continuar a atrair investidores estrangeiros, consolidando essa tendência.

Outra tendência que parece ter vindo para ficar são as combinações de negócios entre companhias abertas, com transações já anunciadas para 2024. Apesar de viabilizarem o crescimento inorgânico das companhias envolvidas, sem a necessidade de desembolso de capital, essas operações exigem atenção adicional por serem negociadas diretamente entre as administrações das companhias, sem possibilidade de ajustes da relação de troca ou indenização por perdas verificadas posteriormente, diante da volatilidade da base acionária. No cenário atual de cautela, alguns cuidados têm sido observados, como o tratamento de informações confidenciais, a negociação contratual atenta aos deveres dos administradores e aos interesses dos acionistas e a realização de due diligence confirmatória, mesmo frente à existência de informações públicas das companhias envolvidas.  

Alguns setores têm demonstrado mais fôlego para transações, como infraestrutura, energias renováveis, saúde, tecnologia, serviços e imobiliário (em especial shoppings centers), para os quais a expectativa é que as transações continuem aquecidas em 2024.   

Adriana Dib Fuzinato
Sócia da área de Societário e M&A do BMA Advogados.

Ellen Juste Nuñez
Sócia da área de Societário e M&A do BMA Advogados.

Maria Donati
Advogada sênior da área de Societário e M&A do BMA Advogados.

Layse Dias
Advogada da área de Societário e M&A do BMA Advogados.

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