Migalhas de Peso

Afetuoso Adeus

Perdi um querido amigo. A advocacia, um profissional realmente notável.

6/2/2024

Fui tomado por enorme impacto e tristeza, nesta segunda-feira pela manhã, pelo falecimento prematuro do amigo e colega Ricardo Tepedino.

Desde que o conheci pessoalmente percebi suas muitas qualidades, cuja exuberante personalidade deixava logo transparecer.

Fomos eleitos para o mesmo mandato (20212-2015) – ele como Conselheiro, eu como Diretor, sob a presidência de Marcos da Costa –, para a seccional da OAB de São Paulo. Por disposição estatutária, a mim competia formar um grupo entre os colegas do Conselho para atuar nos julgamentos da 4ª câmara Recursal do Tribunal de Ética e Disciplina, com competência para julgar processos ético-disciplinares de colegas, em grau de recurso. Tive a ventura de escolher Tepedino para a turma de craques que se formou sob a minha presidência. A convivência em longas sessões de julgamento na OAB/SP foi para mim motivo de aprendizado constante, tempo em que se formou uma sincera relação de amizade. Sua inteligência fulgurante, capacidade retórica, o quase esnobe conhecimento jurídico e cultural, enfim, sua sempre vibrante atuação se fez sentir naquele grupo.

Em algum momento, descobrimos uma afinidade “quase congênita”: nascemos no dia 15 de novembro de 1962, ele no Rio de Janeiro, eu em São Paulo.

Com o fim da gestão, ambos nos afastamos da Ordem, mas fiz questão de mantê-lo por perto. Seguimos conversando com alguma constância sobre os tantos problemas da advocacia, vez por outra sentávamos à mesa – um de seus maiores prazeres –, frequentemente na companhia dos queridos amigos Braz Martins Neto e Arystóbulo de Oliveira Freitas. Ao me lançar candidato à seccional, reservei a ele na chapa a titularidade de Conselheiro Federal, dada a sua relevância e imaginando o que ele seria capaz de fazer por todos nós com atuação nacional, posição que ele aceitou resignado, creio que mais por amizade, ante a possibilidade de não eleição, como de fato ocorreu. Ele não gostava de perder, o que é inerente aos grandes advogados do contencioso.

Tratamos de manter a amizade e dar boas risadas sobre tudo isso. Os almoços e jantares continuaram, mas se foram espaçando, o que agora me entristece ainda mais, pelas oportunidades perdidas para sempre.

Perdi um querido amigo. A advocacia, um profissional realmente notável.

Antonio Ruiz Filho
Advogado criminalista (sócio do escritório Ruiz Filho Advogados). É diretor da Federação Nacional dos Advogados (FeNAdv) e presidente da Comissão de Defesa da Democracia e Prerrogativas da mesma entidade. Foi presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), diretor da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de São Paulo (OAB/SP) e diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).

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