Migalhas de Peso

Servidor público pode perder o cargo?

Veja os principais casos em que um servidor público pode perder o cargo.

15/8/2023

O servidor público pode perder o cargo quando falha em cumprir com seus deveres e comete irregularidades graves.

Como partes essenciais da administração pública, os servidores são responsáveis por prestar serviços de qualidade à sociedade e agir conforme as normas éticas e legais estabelecidas.

No entanto, quando ocorrem desvios sérios de conduta ou violações significativas das responsabilidades inerentes ao cargo, podem ser tomadas medidas disciplinares que resultam na perda do cargo.

Neste artigo, discutirei os principais casos em que a perda do cargo é uma consequência possível para um servidor público e as circunstâncias que levam a essa situação.

Principais casos em que um servidor público pode perder o cargo

Agora, veja as situações em que o servidor municipal, estadual ou federal, pode perder o cargo público.

Exoneração

A exoneração é um dos procedimentos pelos quais um servidor público pode ser desligado de seu cargo.

No entanto, essa modalidade não ocorre em razão de alguma penalidade ao servidor público.

A exoneração é o pedido feito pelo próprio servidor para sair de determinado cargo ou, ainda, de forma definitiva da administração pública.

Porém, se existir um PAD - processo administrativo disciplinar contra o servidor, é improvável que o pedido de exoneração seja aceito.

Isso porque, conforme as regras atuais, o funcionário deve aguardar a finalização do PAD antes de sair do serviço público.

Demissão

Outra forma pela qual um servidor público pode perder o cargo é por meio da demissão. Ela ocorre em situações mais graves, como prática de crimes ou infrações.

Nesses casos, o servidor é submetido a um processo administrativo disciplinar1, no qual são apurados os fatos e aplicadas as devidas penalidades.

A demissão de um servidor público2 é uma medida extrema, pois implica a perda definitiva do cargo e de todos os direitos e vantagens a ele inerentes.

Portanto, a demissão só é aplicada quando comprovada, de maneira irrefutável, a gravidade das infrações cometidas pelo servidor.

Abandono de cargo

O abandono de cargo é outra hipótese que pode ocorrer a demissão. Caracteriza-se pelo não comparecimento do servidor ao local de trabalho, sem justificativa válida, por um período prolongado.

Esse comportamento é considerado uma falta grave, pois compromete o funcionamento regular da administração pública.

Para caracterizar o abandono de cargo, é necessário que o servidor tenha sido regularmente convocado e notificado para retornar ao trabalho, mas tenha permanecido ausente sem justificativa plausível.

Geralmente, é estipulado um prazo de ausência, que pode variar de acordo com a legislação específica de cada ente ou órgão público.

Cassação de aposentadoria

Quando ocorre a constatação de irregularidades após a concessão da aposentadoria, as providências podem ser tomadas.

Nesse sentido, é importante destacar que a aposentadoria não é um direito absoluto e pode ser cassada caso haja fundamentos legais.

Além disso, é fundamental mencionar que a cassação de aposentadoria está relacionada a condutas graves e incompatíveis com a ética e a legislação vigente.

Nesse caso, é necessário ser instaurado um processo administrativo disciplinar, garantindo-se o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Improbidade administrativa

Outro caso que pode levar à perda do cargo público é a prática de improbidade administrativa3. Esse termo se refere a atos ilegais ou antiéticos cometidos por servidores no exercício de suas funções.

A improbidade administrativa abrange condutas como corrupção, enriquecimento ilícito, desvio de recursos públicos e nepotismo, entre outras.

Esta é uma infração grave e pode acarretar diversas sanções, entre elas a perda do cargo público.

Para ser aplicada é necessário haver uma investigação rigorosa, garantindo-se o devido processo legal e o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Acúmulo indevido de cargos

O acúmulo indevido de cargos4 é mais uma situação que pode levar à perda do cargo público.

Conforme a Constituição Federal, é vedado ao servidor público acumular cargos, empregos ou funções públicas, exceto em casos permitidos por lei.

Essa proibição visa evitar conflitos de interesse e garantir a eficiência e a imparcialidade na administração pública.

Quando ocorre o acúmulo ilegal de cargos, o servidor está sujeito a penalidades, que podem incluir desde a demissão do cargo ocupado.

A legislação estabelece critérios específicos para o acúmulo legal de cargos, como a compatibilidade de horários e a compatibilidade de remuneração.

Inaptidão física ou mental

Um dos casos em que um servidor público pode perder o cargo é devido à inaptidão física ou mental. É essencial que os servidores públicos estejam aptos a desempenhar suas funções de maneira eficiente e eficaz.

Caso sejam diagnosticados com uma condição física ou mental que os torna incapazes de realizar suas atribuições, podem ser afastados do cargo. Isso visa garantir a qualidade e a eficiência dos serviços prestados pelo setor público.

Em casos de condições temporárias, o servidor público pode passar por licenças médicas e tratamentos para recuperar sua capacidade de trabalho.

Entretanto, se a inaptidão for considerada permanente, o servidor público pode ser afastado definitivamente de suas funções.

Perda do cargo por decisão política

Outro caso em que um servidor público pode perder o cargo é por meio de decisões políticas, quando se trata de cargos comissionados.

Em certas circunstâncias, mudanças políticas podem resultar na substituição de servidores públicos por indivíduos alinhados com a nova gestão.

Essas decisões são tomadas com base em critérios políticos e podem afetar servidores em diferentes níveis hierárquicos.

Assim, a perda do cargo por decisão política não está necessariamente relacionada ao desempenho ou à competência do servidor público.

Muitas vezes, trata-se de uma reestruturação administrativa que busca alinhar a equipe aos objetivos e diretrizes da nova gestão.

Processo administrativo disciplinar 

Esse processo é instaurado quando há indícios de infrações cometidas pelo servidor, como desvio de conduta, corrupção, negligência no cumprimento de suas atribuições, entre outros.

Como o servidor público pode evitar a perda do cargo?

Para evitar a perda do cargo, é essencial que o servidor público esteja bem informado e conte com apoio jurídico especializado.

Um advogado que atue na área do direito administrativo5 pode orientar o servidor em todas as etapas do processo, garantindo que seus direitos sejam preservados.

O servidor também precisa estar atento aos prazos e procedimentos estabelecidos pela legislação. O conhecimento dos seus direitos e deveres é fundamental para uma defesa efetiva.

Conclusão

A busca pela transparência, legalidade e pelo respeito aos princípios da administração pública são fundamentais para manter a integridade do serviço público e garantir a confiança da sociedade.

Logo, é essencial que os servidores públicos estejam cientes das normas e obrigações que regem sua atividade profissional, assim, evitando a perda do cargo.

Diferentes situações podem fazer o servidor público perder o cargo, mas ressalto que essa medida é tomada em casos extremos em que o servidor tenha cometido infrações graves ou desrespeitado obrigações funcionais.

-----

1 https://concursos.adv.br/processo-administrativo-disciplinar/

2 https://concursos.adv.br/motivos-para-demissao-do-servidor-publico/

3 https://concursos.adv.br/improbidade-administrativa/

4  https://concursos.adv.br/penalidades-acumulacao-indevida-de-cargos-publicos/ 

5 https://concursos.adv.br/direito-administrativo/

Agnaldo Bastos
Advogado atuante no Direito Administrativo, especialista em causas envolvendo concursos públicos e servidores públicos, Sócio Proprietário do escritório Agnaldo Bastos Advocacia Especializada.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

O Direito aduaneiro, a logística de comércio exterior e a importância dos Incoterms

16/11/2024

Encarceramento feminino no Brasil: A urgência de visibilizar necessidades

16/11/2024

Transtornos de comportamento e déficit de atenção em crianças

17/11/2024

Prisão preventiva, duração razoável do processo e alguns cenários

18/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024