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Inovação e transformação digital: A nova ordem mundial das empresas

Nenhuma organização sobrevive na atualidade, sem uma proposta genuína de grandeza.

18/5/2023

Uma mudança de paradigma: assim pode ser compreendido o processo de transformação digital vivido pelas organizações em todo o mundo. Engana-se quem pensa que estamos falando simplesmente da digitalização de processos ou da aquisição de ferramentas tecnológicas pelas empresas.

Usar recursos da tecnologia 5G, automatizar determinados processos ou investir em ferramentas de inteligência artificial são exemplos de práticas digitais. Isoladamente, elas podem ser ineficientes e decepcionantes, se a organização não evoluir a sua mentalidade. Estamos falando de um novo “mindset” empresarial, que exige estratégia e compreensão das novas configurações do mercado.

Uma gama de estudos sobre inovação e transformação digital nos informa diariamente sobre essa nova realidade. Dentre os pensadores que apontam as características do processo de transformação digital, destacamos aqui o nome de David Rogers. Para ele, o tema perpassa necessariamente por cinco domínios fundamentais: clientes, competição, dados, inovação e valor.

Ao refletirmos sobre esses cinco domínios, acabamos por identificar novos conceitos fundamentais para a compreensão desse novo paradigma. No que se refere aos clientes, resta claro que, numa sociedade em rede, são eles os grandes influenciadores do rumo dos negócios. Afinal, o processo de interação e troca de informações é contínuo e cada vez mais público e compartilhado.

Assim, o uso de plataformas de relacionamento e de avaliação de produtos e serviços pelos clientes se tornou uma tendência. Nesse cenário, o foco na experiência do cliente ganha espaço e exige investimentos em automação inteligente, rapidez de informação e melhoria contínua de relacionamento como tônicas de sucesso.

Atualmente, existe um foco crescente na transposição dos limites da atividade econômica empresarial em busca de atenção e influência das empresas na vida dos clientes. Esse novo modelo de competição tomou lugar da tradicional rivalidade concorrencial praticada em mercados semelhantes.

Nele, as empresas querem ser as marcas de referência na vida das pessoas. Assim, agrega valor em diferentes aspectos de suas rotinas, favorecendo as práticas de cooperação em modelos de negócios mais amplos, como as plataformas coletivas e marketplaces.

Por sua vez, na era digital, não é novidade que a constatação dos dados são o novo petróleo. Eles se tornaram ferramentas fundamentais para orientar as tomadas de decisão, por meio dos processos orientados de data driven. Quanto maior a capacidade computacional das máquinas e mais popularizado o uso da inteligência artificial, mais robusta a base desses dados (big data) e mais eficiente o seu processamento. Dessa forma, permite análises mais sofisticadas e resultados mais efetivos (analytics).

Sobre o pilar da inovação, por sua vez, reside o grande poder de mudança das empresas. Aqui, estamos falando tanto da inovação incremental quanto da inovação radical. A primeira é focada na melhoria contínua e gradual de produtos, processos, organização e gestão. Já a segunda é aquela que rompe barreiras, revoluciona e apresenta ao mundo o resultado inédito e disruptivo.

Assim, para que a inovação aconteça, a nova ordem é experimentar, desenvolver protótipos (MVP – Produto Mínimo Viável), testar, errar, reaprender e ressignificar. Tudo isso, mediante à adoção de metodologias ágeis (scrum, Kanban, agile) de desenvolvimento de ideias, que, atualmente, são práticas em constante aperfeiçoamento nas organizações.

Nesse novo contexto, empresas de grande porte se relacionam cada vez mais com as inovações geradas pelas startups, por meio dos processos de inovação aberta. Além disso, a troca e a interação crescentes entre o meio empresarial, governos, universidades, terceiro setor e outros atores da cadeia produtiva permitiram a estruturação de um sistema nacional de inovação.

Por fim, e igualmente importante, temos o pilar do valor. Embora possa parecer paradoxal, o potencial humano é o centro das relações digitais e o grande diferencial para a consolidação de uma cultura digital nas empresas.

Nenhuma organização sobrevive na atualidade, sem uma proposta genuína de grandeza. Qual é a entrega de valor para o cliente e para a sociedade? Como ela pode ser otimizada e potencializada pela tecnologia e pela digitalização de processos? Esses são os questionamentos de um mindset digital.

Assim, pela entrega de valor, aquilo que faz sentido e que se alinha com propósito de vida dos colaboradores ganha significado para a organização. Além disso, pode se tornar a mola propulsora de todas as ações necessárias para a transformação digital da empresa.

Levanta a mão quem conhecia esses conceitos e já tinha refletido sobre eles.

Elisângela Dias Menezes
Advogada, jornalista profissional e perita judicial. Mestre pela PUC Minas e doutoranda pela UFMG. Professora universitária, palestrante, pesquisadora e autora de publicações jurídicas sobre Propriedade Intelectual e Direito Digital.

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