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Direito da preferência do arrendatário, saiba como funciona e como exercer

A relação entre arrendatário e arrendante pode ser complexa e envolver diversos interesses e direitos. Por isso, é fundamental que as partes envolvidas contem com uma assessoria jurídica especializada para garantir que seus interesses sejam protegidos e seus direitos respeitados.

3/4/2023

O direito de preferência do arrendatário na fazenda do arrendante é uma das garantias previstas na legislação brasileira para proteger os interesses dos produtores rurais. Esse direito é assegurado pelo Estatuto da Terra e consiste no direito de o arrendatário, em caso de venda da fazenda pelo arrendante, ter preferência na aquisição da propriedade.

O objetivo dessa regra é garantir que o arrendatário, que muitas vezes investe em melhorias e desenvolve atividades econômicas na propriedade, não seja prejudicado com a venda da fazenda. Ao garantir o direito de preferência, o arrendatário tem a oportunidade de adquirir a propriedade, mantendo a continuidade das atividades desenvolvidas na área.

Caso o arrendatário não exerça o direito de preferência, poderá sofrer prejuízos significativos. Por exemplo, ele pode ser despejado da propriedade caso o novo proprietário não queira continuar com o contrato de arrendamento ou pode ser obrigado a negociar um novo contrato de arrendamento com condições menos favoráveis.

Por outro lado, se o arrendante não notificar o arrendatário sobre o seu direito de preferência, pode haver consequências graves. O arrendatário pode desconhecer o direito que lhe é conferido e perder a oportunidade de adquirir a propriedade. Além disso, o arrendante pode enfrentar questionamentos judiciais e ter que arcar com indenizações em casos de prejuízos causados ao arrendatário.

Assim, é importante que tanto o arrendante quanto o arrendatário estejam cientes do direito de preferência previsto na lei e que todas as comunicações e notificações sejam realizadas de forma adequada e documentada. O arrendatário deve estar ciente de que o exercício do direito de preferência implica em assumir a propriedade com todas as suas responsabilidades e encargos, incluindo o pagamento do preço da venda e outras obrigações legais.

Quais as consequências que o arrendante pode sofrer caso não notifique seu arrendatário sobre seu direito de preferência?

Caso o arrendante não notifique o arrendatário da venda da fazenda, o arrendatário pode ingressar com ações judiciais para proteger seus interesses. As principais ações que podem ser tomadas são as seguintes:

Em qualquer uma dessas ações, é importante que o arrendatário comprove que não foi notificado da venda da fazenda pelo arrendante. Para isso, pode ser necessário apresentar testemunhas, documentos e outras provas que demonstrem a ausência de comunicação.

A relação entre arrendatário e arrendante pode ser complexa e envolver diversos interesses e direitos. Por isso, é fundamental que as partes envolvidas contem com uma assessoria jurídica especializada para garantir que seus interesses sejam protegidos e seus direitos respeitados.

No caso específico da notificação para retomada da terra ou venda da fazenda, a assessoria jurídica é ainda mais importante. A orientação deve ser passada ao arrendante sobre as formas adequadas de notificação e sobre os prazos e procedimentos que devem ser observados para garantir que o arrendatário tenha a oportunidade de exercer seu direito de preferência.

Por outro lado, o arrendatário também pode contar com as orientações necessárias para verificar se a notificação está em conformidade com a lei e para avaliar as opções disponíveis em caso de desrespeito ao seu direito de preferência.

Além disso, a assessoria jurídica pode auxiliar na elaboração e revisão do contrato de arrendamento, garantindo que os direitos e obrigações de ambas as partes estejam claramente definidos e protegidos.

Em resumo, o direito de preferência do arrendatário na fazenda do arrendante é uma garantia legal importante para proteger os interesses dos agricultores e produtores rurais. É fundamental que as partes envolvidas conheçam seus direitos e obrigações, e que sigam as regras e procedimentos previstos em lei para evitar prejuízos e conflitos.

Felipe Wolut
Pós Graduado em Civil e Processo civil; Pós Graudado em Agrário e Agronegócio; Membro da comissão da Dir. Do Agronegócio da OAB-GO; Membro da comissão da Dir. Agrário da OAB-GO;

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