Conversar sobre saúde mental é sempre relevante, embora ainda exista um certo preconceito. Por isso, chamo você para trocar ideias a respeito de um tema que vem ganhando mais visibilidade e respeito, inclusive no segmento jurídico. Eu me refiro à Síndrome de Burnout. A definição foi criada pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger, em 1974. O mais importante é que por ocasião da criação do termo burnout, Freudenberger vivenciava uma rotina de trabalho que tinha uma carga horária de 12 horas por dia. Atuando também à noite, ele atendia dez usuários de drogas por hora em uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Logo, Freudenberg não resistiu ao esgotamento físico e mental e como resultado foi cair prostrado na cama.
Eu trouxe esse exemplo para o nosso bate-papo para chamar a atenção que ninguém, absolutamente ninguém, está livre de vivenciar a síndrome de burnout, que é o esgotamento profissional caracterizado pelo distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam carga grande de competitividade ou responsabilidade. Com base no estudo que realizei com cerca de mil advogados de todo o Brasil, posso dizer que diagnostiquei o burnout em uma parcela considerável.
Aproveito a oportunidade para destacar que, recentemente, foi realizada uma pesquisa inédita pela empresa Gattaz Heath & Results sobre a atual situação da síndrome de burnout com profissionais brasileiros. O estudo foi conduzido pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, Wagner Gattaz. Amigos, informo que 18% dos profissionais brasileiros, um a cada cinco, sofrem com a síndrome de burnout. Você pensa que para por aí? Que nada! Vem comigo: 43% dos entrevistados disseram sentir sintomas depressivos, 13% deles tiveram diagnóstico confirmando a doença. A ansiedade também foi relatada durante o desenvolvimento da pesquisa.
O que eu quero com esse diálogo? Vou ser simples e direta: quero que profissionais - mulheres e homens - não tentem dissimular, disfarçar, camuflar ou esconder sinais que evidenciam a fragilidade da saúde mental. Esse comportamento só vai fazer com que o quadro e o sofrimento se agrave. Busque ajuda, fale sobre a questão que aflige tanto. Livre-se de preconceitos, porque burnout já está na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2019. Se você apresenta falta de energia, cansaço em excesso, instabilidade emocional, constante insatisfação com o trabalho busque ajuda. Considero esse nosso encontro, aqui no Migalhas, de muita importância. Aproveito para pedir que você envie sugestão de temas para a nossas próximas conversas. Obrigado por sua atenção e até a próxima.