Migalhas de Peso

A tributação do ICMS no contexto dos marketplaces

Estima-se um potencial de arrecadação, advinda do ICMS das vendas ocorridas no contexto das plataformas, no montante de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões, a médio prazo.

7/11/2022

Desde 2019, um movimento de estados vem ganhando força para atribuição de responsabilização tributária pelo potencial risco de sonegação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por parte dos lojistas que comercializam seus produtos através de plataformas digitais. Direcionado ao setor de marketplace, diversos estados já editaram suas respectivas leis (Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe), tendo São Paulo como pioneiro na vanguarda dessa tributação.

Neste cenário, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, foi publicada, em 20/04/20, a lei estadual 8.795/20, que altera as disposições da lei 2.657/96, objetivando assegurar o pagamento do ICMS em todas as operações realizadas nas plataformas de marketplace.

A Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro planeja publicar, ainda em 2022, dois decretos para regulamentar e  aplicar a referida lei, esta já validada no julgamento da ADI 0040214-33.2020.8.19.0000 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) no mês de agosto do presente ano.

Estima-se um potencial de arrecadação, advinda do ICMS das vendas ocorridas no contexto das plataformas, no montante de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões, a médio prazo.

É oportuno frisar que, em que pese a decisão do Tribunal Fluminense, as controvérsias devem persistir, na medida em não cabe aos Estados da federação criar hipóteses de responsabilidade tributária não previstas no Código Tributário Nacional.

Por fim, ressalta-se que, nesse contexto, é possível que as empresas que realizam a intermediação de compra e venda no ambiente digital e que serão afetadas diretamente pela lei 8795/20, ingressem com suas respectivas medidas judiciais, a fim de evitar a sua responsabilização tributária no que tange ao ICMS devido nas vendas intermediadas em suas plataformas, haja vista o vício constitucional e legal de afronta ao art.146, inciso III, alínea “b” da CF, que estabelece que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária, bem como o art. 124 do CTN, que prevê o rol dos possíveis responsáveis tributários.

Fernando Loeser
Membro das seções da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia e Minas Gerais desde (1993)

Letícia Schroeder Micchelucci
Bacharel em Direito pela PUC/CAMPINAS. Sócia advogada do escritório Loeser e Hadad Advogados.

Bibianna Peres
Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB. MBA em Direito e Relações Internacionais pela FGV. Associada do escritório Loeser e Hadad Advogados.

Welington Araujo
Especialista em Direito, Políticas Públicas e Controle Externo. Pós Graduando no LL.M em Direito e Processo Tributário da FMP. Advogado no escritório Loeser Hadad Advogados.

Gabriel Faria
Colaborador do escritório Loeser e Hadad Advogados.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF: Toffoli devolve vista e libera julgamento do Difal do ICMS

26/10/2022
Migalhas Quentes

Toffoli pede vista e suspende julgamento sobre Difal do ICMS

28/9/2022
Migalhas Quentes

Tributação de combustíveis passa a ter alíquota fixa de ICMS

19/5/2022
Migalhas Quentes

Congresso internacional debate novos horizontes da tributação

4/5/2022

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

O SCR - Sistema de Informações de Crédito e a negativação: Diferenciações fundamentais e repercussões no âmbito judicial

20/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024