As políticas organizacionais são macrodiretivas implícitas de conduta. Apesar do caráter imperativo, comunicam, tão somente, os valores, as condições e limites que as movem, amoldam e direcionam. Esta definição marca funções importantes de uma política organizacional:
- informar comandos normativos internos;
- inspirar comportamentos ‘positivos’ (social e moralmente aceitáveis);
- cultivar valores superiores (solidariedade, urbanidade etc.);
- fomentar os deveres de humanidade;
- Alinhar práticas organizacionais aos paradigmas de conformidade e à filosofia da organização, conferindo organicidade ao seu conjunto;
- reprimir condutas inadequadas, despropositadas e desarticulada dos interesses organizacionais, especialmente aquelas ilícitas;
- educar para o respeito às leis, para a inclusão social e o respeito às diferenças;
- nortear as relações organizacionais para coibir conflitos improdutivos e comportamentos predatórios;
- ensejar um meio ambiente de trabalho hígido, humanizado, inclusivo e emocionalmente equilibrado.
São, portanto, condicionamentos comportamentais importantes. Os regulamentos internos devem necessariamente observar essas políticas.
Regulamentos internos criados sem observar os paradigmas vigentes de conformidade e as macropolíticas organizacionais (inexistentes em muitas realidades) costumam ser visitados em pequenos intervalos de tempo, sendo forçosamente alterados (corrigidos, na verdade). Essa dessintonia repercute à prejuízo de sua coerência e organicidade. Atualizações são normais. As correções revelam falhas. (Vasconcelos, 2022)
As políticas direcionam a padrões comportamentais (profissionais) desejados, sem impor qualquer cerceamento de cariz identitário. Neste ponto, repercutem e traduzem não somente as expectativas gerenciais, mas igualmente, aquelas da sociedade. Assim, revelam a visão de mundo e valores da administração.
As políticas dirigidas para grupos preferenciais são uma espécie do gênero políticas organizacionais, sendo também denominadas de políticas afirmativas.
As políticas afirmativas são o nascedouro das ações afirmativas, na verdade, o sua essência. Mas, o que são ações afirmativas? São intervenções orientadas pela finalidade maior de oportunizar a equidade social no meio ambiente organizacional. Sim! Estamos tratando sobre ações empreendidas pela iniciativa privada, pauta que defendemos.
O desenho de ações afirmativas demanda alguns requisitos: política (s) norteadora (s); finalidade; perfil preferencial; infraestrutura; plano de ação; pessoas responsáveis. É desejável que essas iniciativas sejam pensadas por pessoas que integrem os substratos preferenciais alcançados.
São exemplos de ações afirmativas a realização de processos seletivos inclusivos, a condução de ações de extensão relacionadas a pautas sociais (extramuros), dentre outras.
A importância e pertinência das políticas e ações afirmativas se justificam e ancoram nas desigualdade sociais, realidade incontestável. Para além da motivação social, destaque-se a motivação legal (constitucional) consagrada no art. 5º. da CF/88.
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VASCONCELOS, Yumara L. Políticas antiassédio como instrumento de prevenção e combate à violência no ambiente de trabalho. Migalhas de peso. Publicado em quinta-feira, 6 de outubro de 2022. Disponível no link: https://www.migalhas.com.br/depeso/374821/politicas-antiassedio-como-prevencao-a-violencia-no-trabalho