Os rótulos que nos são impostos como juízo de desvalor se movem e reproduzem rapidamente, quase sempre, por meio de comentários cáusticos realizados de modo aparentemente despretensioso nas rodas de conversa informais. Esse modus é determinante para a ampliação do perímetro de contaminação social e naturalização da violência. É assim que perfis com características depreciativas são desenhados sem o protagonismo da pessoa-alvo, que se torna mero objeto de opressão.
O prejuízo à imagem profissional é significativo, impactando na manutenção do emprego, antes disso, na qualidade do meio ambiente de trabalho e suas relações periféricas. De fato, portas são fechadas e trajetórias são descontinuadas.
Instaura -se uma luta cotidiana para desconstruir essa imagem negativa, criada sem que a pessoa-alvo tenha qualquer responsabilidade sobre a sua produção, opressão que impõe o pesado fardo da busca continuada pela validação social de seu valor profissional (espiral do reconhecimento e da aceitação). ‘Passa-se a existir em função das expectativas do outro’, condição que denuncia a captura de subjetividade em andamento.
Ocorre que essa repercussão tende a ocasionar notada exaustão emocional, afetando demasiadamente a autoestima, autonomia profissional e convivência social. A mensagem subliminar de rejeição provoca feridas existenciais porque, para além da busca recorrente por reconhecimento e aceitação, firmam-se a carência afetiva e um sensível ‘vazio de alma’.
Estamos falando sobre uma imagem que não se respalda na existência da pessoa ou reflete a sua realidade, mas tão somente a frustração das expectativas sociais de normalidade (ainda que a partir de parâmetros pessoais preconceituosos).
A régua social da opressão utiliza a exigência para suavizar e naturalizar a violência, que segue estruturalmente instalada, orientando a dinâmica das relações. O que se segue daí é sofrimento, nem sempre percebido, porque é abafado em nome de uma etiqueta que silencia e desumaniza.
O sofrimento é solitário, ainda que para os outros represente apenas telas e palavras distantes.
O sofrimento nutre-se do abandono e por isso o sofrimento é tão solitário.
O sofrimento é passagem. Mas, para quem sofre, o tempo do sofrimento é um tempo que não se controla. O sofrimento dura uma eternidade em uma janela de tempo. O sofrimento nutre-se do silêncio forçado e por isso o sofrimento é tão solitário.
Sem uma palavra escrita ou falada, entende-se que o sofrimento pertence a quem vive e não deve ser compartilhado e é por isso que afirmo, o sofrimento é tão solitário. (reflexão autoral)
A responsabilidade do ser humano é existir dignamente e é este propósito que devemos perseguir.