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Quem tem medo da advocacia do futuro?

O futuro é agora? Quais os temas dessa chamada “advocacia do futuro”? Mas, não há segredos: advogado do futuro é aquele que antecipa tendências e entende a necessidade de avanços tecnológicos.

26/8/2022

Alguns perguntam: vai existir advogado no futuro?

Não tenho dúvidas. O uso da inteligência artificial trará agilidade à resolução dos conflitos, agregará valor, principalmente às atividades repetitivas e manuais. Mas, nada mudará o protagonismo humano, sua presença no gerenciamento de riscos e na procura de soluções personalizadas.

O advogado do futuro não é aquele que acompanha as tendências, é aquele que antecipa as tendências.

A INOVAÇÃO

Um tema inconteste para o direito. A existência de fatos que passam a ter relevância jurídica pelo avanço tecnológico; a necessidade de tomadas de decisões jurídicas nos cenários de riscos e incertezas; a inexistência de normas jurídicas, que vão sendo gradativamente construídas com o avanço das relações nos cenários e guiadas pela economia; e (inclusive) a ressignificação dos bens juridicamente tuteláveis; são exemplos dos impactos das novas tecnologias sobre as relações jurídicas. O direito deve criar parâmetros para regular essas relações sociais. Não há como considerar que podemos nos ater somente a uma doutrina tradicional.

APRENDA A ENCANTAR CLIENTES

Desenvolver inteligência emocional sempre foi um diferencial e rotina de qualquer profissão, as chamadas soft skills. As habilidades sociais que permitem estabelecer elos fortes com os clientes e a sua fidelização. Nós entregamos relacionamentos, esse é o nosso negócio. Os clientes não compram mais um produto ou serviço. Compram a experiência. Então, a experiência positiva deve ser o objetivo de todos no escritório. Superar as expectativas, encantar, prestar atenção nos detalhes, são atitudes simples e fáceis de implantação.

Construir um bom marketing jurídico permite que o advogado amplie sua área de atuação. Afinal, não existe mais o advogado de comarca. Não estamos mais contidos em nosso próprio endereço.

Não se engane, o marketing também chegou aos escritórios de advocacia, mesmo com todas as normas de ética ditadas pela Ordem dos Advogados do Brasil. O advogado não deve se abster de utilizar o marketing digital para se posicionar no mercado. Trabalhar com marketing de conteúdo, ter um site, estabelecer contatos, utilizando as redes sociais, gerando visibilidade e credibilidade para ser negócio.

Mas, não poste por postar. Invista em um site responsivo (que se adapta ao uso de computador, tablet ou celular). Criar textos de qualidade é muito importante. Crie conteúdos relevantes a seus potenciais clientes. Entenda as técnicas de SEO – Search Engine Optimization. Essa técnica é um conjunto de estratégias que permitem que seu site, mesmo sem investimento de patrocínio, alcance boas posições nos buscadores de pesquisa. Busque aprender o uso de Tag Title, palavra-chave e e-mail marketing sem gerar punições.

A TECNOLOGIA NA ESFERA JURÍDICA

A transformação digital, a pandemia, provaram que ao advogado não basta conhecer leis. Ele deve ter flexibilidade e facilidade de adaptar-se ao constante ambiente de mudança.

Manusear aplicativos, operar softwares para acompanhamento dos processos nos tribunais, são conhecimentos indispensáveis para o exercício básico da profissão.

O uso da internet e computadores alterou até mesmo a forma de pesquisa, a otimização dos processos de contratação, a gestão do tempo e produtividade, a melhora da jornada do cliente e a personalização na prestação de serviços.

Toda essa transformação trouxe como consequência o surgimento de empresas que prometem a resolução dos problemas jurídicos, especializadas em inteligência artificial, automação, monitoramento de dados, resolução de conflitos online, gestão de escritórios, dentre vários outros temas. São as chamadas legal techs e law techs.

Hoje startups desenvolvem soluções inovadoras que tornam o exercício do direito muito mais produtivo e eficaz.  Plataformas que trabalham sob o conceito one-stop-shop (onde o consumidor pode encontrar diversos tipos de serviços e produtos, como em uma loja de conveniência), com recursos tecnológicos para o mercado jurídico, como negociação de acordos online, aquisição de crédito judicial, jurimetria ou simplesmente a automatização dos ciclos contratuais.

Temos outras tecnologias emergentes que impactam e impactarão ainda mais o direito e as atividades jurídicas. A tecnologia blockchain, os smart contracts e as criptomoedas, hoje movimentam mais de 1 trilhão de dólares em volume de negociação.

Os contratos inteligentes mudaram totalmente a forma como os agentes econômicos transacionam no mercado, e com isso a atuação dos advogados também mudou. Os contratos são assinados sem que se  conheça a identidade dos que transacionaram pelos contratantes. As cláusulas podem ser automatizadas, trazendo eficiência e segurança às partes.

Até aqui só falamos da área cível, mas temos que lembrar que o blockchain beneficia enormemente a justiça criminal, e seu complexo sistema de documentos físicos. Integrar as informações, unindo polícia, judiciário e agentes penitenciários, com atualização instantânea de informações, registros precisos e a oferta de informações ao público.

Mas, o que é blockchain? De forma muito simplificada, funciona como um livro que registra transações.

Iniciadas as transações com blockchain, foi necessário validar o intercâmbio monetário. Criou-se a criptomoeda. Para trazer confiança e eficiência a essa circulação de moedas, o sistema financeiro eletrônico de pessoa para pessoa criou o BITCOIN.

Então, atente às novas competências: Isso é Direito aliado à tecnologia. São novas áreas, onde o advogado que adquirir habilidades, não só jurídicas, mas também de inteligência emocional, gestão, liderança e negociação, dentre outras, não terá concorrência à altura no mercado. Assim como não terá mais comarca única de atuação.

Lucinete Cardoso
Mestre em Direito. Prof. Universitária. Advogada com experiência em assessoria empresarial, Contratos, personificação jurídica, estrutura societária, governança, mercado de capitais, novas tecnologias

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