Uma parcela da população, com razão, reclama haver censura no país. Canais são desmonetizados, pessoas são “canceladas” por defender um dado ponto de vista, indigesto para outra parte.
Ocorre que, quando alguém defende a liberdade de expressão, está a salvaguardá-la (ou pelo menos deveria estar) a todos (incluindo os inimigos).
Causou-me indignação ao ver nas últimas duas semanas pessoas que afirmam ser alvo de censura nas redes, pessoas que levantam a bandeira da liberdade de expressão, jactarem-se com o lançamento de fezes em apoiadores da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. E você, assim como eu, não precisa ser favorável a candidatura de Lula para se indignar com tais atos. Sempre afirmei que a descondenação de Lula foi um equívoco supremo!
Entretanto, não é porque sou desfavorável a candidatura de Lula & companhia limitada que eu deva apoiar atos de violência contra seus apoiadores.
Eu tenho uma fórmula para saber se você, caro leitor, é portador da indignação seletiva. Se você se indignaria caso a violência fosse perpetrada contra o político que você apoia, bem como contra seus apoiadores, mas é incapaz de se indignar se o ato for cometido contra aquele político que você desgosta, bem como contra os apoiadores deste, eu lamento informar, mas você não está preocupado com liberdade de expressão (só quando ela for cerceada contra você e seus partidários).
Portanto, nobre leitor, não seja seletivo em suas demandas. Quando lutares por liberdade de expressão, garanta-a também aos seus detratores. Os atos de violência cometidos nos eventos de Lula poderão se repetir nos comícios de Bolsonaro, Simone Tebet ou outros candidatos, podendo chegar até você, que ontem comemorou quando foi contra o PT.
Quando você que defende a liberdade de expressão comemora o cerceamento de fala e de reunião dos seus adversários, você jamais será defensor da liberdade. Você é apenas mais um censor, o qual seria capaz de cercear o direito de expressão daquelas ideias que não lhe agrada. Basta te dar poderes para isso.
Pense nisso!