Há quase 90 anos o nazismo de Hitler, ainda no período pré-guerra, fazia seu maior expurgo interno, executando sumariamente os principais opositores ao regime, no episódio que ficou conhecido como “a noite das facas longas”.
Daqui a 100 anos, a depender da nazi-vontade do governo brasileiro de hoje, será levantado o sigilo das dezenas de visitas que gulosos pastores faziam ao Palácio do Planalto, tendo por pauta o que se supõe ser um dos escândalos mais escabrosos de corrupção da era bolsonarista: o pedágio “dourado” sobre as verbas da educação repassadas pelo MEC a municípios
O sincretismo religioso tão bem esculpido pelo gênio de Jorge Amado em seu “Pastores da noite”, publicado às vésperas do golpe de 1964, ao ser transportado à vertente quadra, descamba para a mais bizarra e hipócrita “farra da fé”, em que, emparceirados a um ministro queima-cara, espertalhões inescrupulosos de variados matizes pseudo-religiosos, verdadeiros capetinhas capitaneados em última hierarquia por um capetão, fantasiam-se de pregadores dos deuses para abocanhar dinheiro público e incinerar a educação, queimar seus livros antes mesmo de serem editados. Tungam uma dízima que dizima toda uma nação.
Embora sejam estimados valores altíssimos desviados nesse glória-a-deus da propinagem, não chegam nem perto dos montantes que de maneira institucionalizada formam o corrompimento sistêmico do orçamento público, no maior toma-lá-dá-cá já visto na história da República.
E o país da tragicômica estorinha da “anti-política” segue escorrendo pelo ralo aberto por falsos pregadores.
Até quando a República vai se submeter a sigilos seculares, orçamentos secretos e aos cafetões que falam “em nome de (algum) deus” e “a bem da pátria”?
Que longa noite, meu Deus!