Migalhas de Peso

Nem santa, nem santo

É muito mais fácil sermos vítimas, ou debruçar sobre o outro, o peso da responsabilidade daquilo que deu errado.

20/4/2022

(Imagem: Arte Migalhas)

Em primeiro lugar, antes de qualquer coisa, é importantíssimo asseverar que a conquista das mulheres nesse mundo patriarcal, sem dúvida é decorrente da coragem de muitas mulheres que bravamente não tiveram medo de se expor e lutaram pela igualdade política, jurídica e social entre homens e mulheres. É evidente que ainda não é a conquista máxima, e sem dúvida, que a igualdade não é apenas do gênero feminino ou masculino, do gordo, ou do magro, do bonito ou do feio, do negro ou branco, mas de todos.

Em segundo lugar, com o presente texto, não estou concitando nada, e nem ninguém a agir contra os direitos já garantidos, até porque o Estado é Democrático de Direito, em que à Constituição da república, indubitavelmente, endossa à liberdade de expressão.

Abraçada a tal princípio, e com a coragem de se expressar que me é peculiar, assim como, com base em inúmeros casos familiares, do quais já me foram confidenciados em razão do exercício da minha profissão, é deliberado convocá-los à reflexão, de que nem sempre o homem é a ovelha negra da situação.

É muito mais fácil sermos vítimas, ou debruçar sobre o outro, o peso da responsabilidade daquilo que deu errado. Em muito flagrante preparado, que fez parecer aquilo que não é, fazendo com que muitos homens, no primeiro momento, se afastem de suas responsabilidades, por medo mesmo, em razão das falsas verdades, que lhes são duramente imputadas, pois, tudo o que ele diz, pode ser interpretado como ofensa à classe feminina.

Um dia desses, em um diálogo com meu filho de 12 anos, vindo da escola, ele me reportou uma preocupação acerca de uma discussão levantada em sala de aula, em que ele entendeu, que pelo simples fato de ser menino, ou seja, homem, já era ofensivo às meninas, ou seja, mulheres.

Me assustou muito ouvir isso, e me acendeu novo alerta no tocante àquilo que verdadeiramente, penso. Sou feminina, e não feminista!

Têm muitos pensamentos extremistas quanto a esse assunto, e isso é muito preocupante, e acredito que assusta a muitos, principalmente, alguns homens de bem, honestos, trabalhadores e dignos.

Um dia desses, um homem me disse que se sentiu muito desconfortável porque percebeu que estava sozinho com uma mulher no elevador, isto porque já foi vítima de armação advinda de uma donzela, estas que podem ser cruéis, tiranas, da heroína, à genuína, como da assassina, à manipuladora.

E não podemos esquecer, claro, das coitadinhas e santinhas...

Infelizmente, o mundo está invertido. Valores quebrados e ações morais desvalorizadas. Existe uma fragilidade muito grande entre às pessoas, que em busca de preencher o vazio inerente que lhe é próprio, confunde a vida de cada dia, e deposita no outro, o fardo daquilo que muita vez foi ele/ela quem provocou, e felizmente, muitas das vezes encontra guarida na legislação pátria.

Tenho filha mulher e filho homem, e sinceramente, não quero um mundo de rivalidade entre os gêneros.  Adão e Eva, um homem, uma mulher. Os dois, desde a base da construção do mundo, exerceram papel importante na sociedade, onde um, não pode ser diminuído, para engrandecer o outro, mas o que tem predominado hodiernamente em muitas situações, é a voz absoluta da mulher.

É preciso relativização, proporcionalidade e razoabilidade nas relações interpessoais. É preciso se atentar, e evitar às acusações infundadas e fantasiosas, apenas com o fito de vingança e manobras de cunho financeiro, pois tudo o que vai volta. Causa e efeito! Quem planta vento, colhe tempestade!

Se ela está sempre certa, a instrução processual demonstrará. E o que tenho visto, em muitos findos processuais e inquéritos policiais, é que nem sempre está certa, vez que contra provas não há argumentos.

 A questão, é que até ser saneado, instruído e apurado a verdade dos fatos, muitas tragédias financeiras, psicológicas, psiquiátricas já remontaram unilateralmente, sobre a vida de alguém, em muitos casos o homem, que já foi exposto e levado por um camburão da polícia, que ficou parado em frente à sua casa, com o giroflex vermelho piscando. 

E, em muitos casos, pasmem, a figura masculina era a vítima da ocorrência, em que inicialmente parecia ser o vilão. Atente-se, a vida não é o que se conta, mas o que se vive.

Muitos homens têm se sentido acuados, e se silenciam, com medo de ser interpretados como misóginos. Isso é muito sério! É pisar em ovos o tempo todo.

Não queiramos criar polarização entre homens e mulheres, vez que cada componente exerce papel fundamental nessa sociedade moderna, em que é tanto de umas, quanto dos outros.

Em muitos casos, de família tenho visto que o homem é rechaçado mesmo antes de ser analisado os fatos. Pelo simples fato de ser homem?

Tem total razão, a meu ver, Camille Paglia, quando disse que “A verdadeira libertação das mulheres ocorre por meio do empoderamento de si mesmas, de suas vozes, de suas mentes”, e a subscritora ainda acrescentaria, da sua autonomia e equilíbrio, ético, moral, espiritual, profissional e financeiro.

Santa? Não. Tendenciosa? Também não. Vítima? Muito menos.

Gisele Nascimento
Advogada, Especialista em Direito Civil/Processo Civil, pela Cândido Mendes, e Direito do Consumidor, pela Verbo Jurídico e pós-graduanda em Previdenciário, pela EBRADI e MBA Marketing Digital PUC.

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