Diariamente os jornais trazem os debates sobre o avanço do streaming e o seu impacto na economia. A explicação para isso é o desenvolvimento de uma mídia ativa, em resposta ao movimento que começou com a televisão fechada e os videogames. E, agora, se concretiza como um sucesso no atual momento social vivido, em especial, pelo desenvolvimento social que espera que tudo seja realizado “por demanda” e customizado para atender aos interesses do usuário.
Apesar das grandes empresas deste ramo já existirem desde o começo da internet, a sua popularização ocorreu nos últimos anos com o desenvolvimento tecnológico e da sua acessibilidade, conjuntamente com o progresso da economia da atenção.
Se de um lado a tecnologia mudou os nossos hábitos, documentários que questionam o nosso novo modelo social mostraram o quanto a população está disposta a se mover em outro sentido e questionar esses avanços.
A dificuldade de traçar um plano para o futuro é clara, porém, também é um exercício saudável e necessário para os desenhos dos futuros possíveis dos negócios.
Em que pese não existirem fatos certos ou errados na criação de futuro ou suas perspectivas, estudando o mercado, a legislação e o sistema mundial é que foi possível tirarmos três grandes insights acerca do futuro do streaming e do mercado audiovisual.
A vinda de uma nova tecnologia, ainda que para alguns torne a anterior obsoleta, não fulmina a sua antecessora. O que de fato acontece é a redução da sua capilaridade, força e potencial econômico. Assim como, a televisão não acabou com o rádio, os livros eletrônicos não terminaram com os físicos e as novas mídias, digitais, não acabaram com os CDs, DVDs, vinis ou mesmo fitas.
O segundo insight importante, que infelizmente já pode ser observado, conforme retratam diversos estudos e ações governamentais, é o aumento da “pirataria”. A existência do streaming diminui a realização desta violação aos direitos ao baratear o acesso ao conteúdo e dar uma aparente acessibilidade.
Ocorre que com o desenvolvimento desta tecnologia, o interesse do usuário por ter todos os conteúdos na sua mão também aumentou, mas como nem tudo está disponível em streaming, ou não está em todas as plataformas, o usuário volta para a pirataria, já que não foi realizada uma mudança cultural.
Por último, e não menos importante, é possível analisar o começo do “empacotamento” das plataformas de streaming.
Além dos movimentos legislativos e das políticas de governo que estão buscando a regulação do setor, é possível traçar um paralelo com o que ocorreu com a televisão fechada.
Atualmente, há um movimento mercadológico de unificação e transformação da forma de disponibilização do conteúdo “por demanda”. Já é possível encontrar pacotes de serviços de telefonia e televisão que incluem a assinatura de plataformas de streaming. Também é perceptível a “associações temporárias” de plataformas, que estão realizando a disponibilização de seus serviços conjuntamente e com preços mais competitivos.
A justificativa para esse movimento é simples, compartilhar o número de usuários, fornecer obras diferentes e, eventualmente, complementares em cada plataforma, para assim, agradar um público consumidor.
Somado a esse fato, o aumento da criação de plataformas de streaming mais segmentadas e para públicos específicos, com uma necessidade urgente de usuários empurrará o mercado para a associação em busca de sobrevivência e concorrência, devido ao aumento da demanda de plataformas versus o dinheiro e interesse do usuário.
Para além destas três proposições ou previsões, em um exercício de análise e criação de perspectivas futuras, sempre existirão outros caminhos e novas possibilidades, as quais são variantes de acordo com cada pequena escolha e mudança no cenário global. Por isso, hoje, é possível extrair essas, mas e amanhã? O que será que podemos depreender com as práticas e movimentos de hoje que vão impactar esse setor?