Migalhas de Peso

Ruy Rosado Aguiar

Plutarco, escritor e filósofo greco-romano, escreveu sobre Vidas Paralelas – os varões de Plutarco. Certamente Ruy Rosado está entre os varões.

28/8/2019

Ao lado de todas as homenagens já prestadas em exaltação a essa grande figura, não será exagero, mas justiça, o acréscimo de mais aplausos.

Ao chegar ao STJ (1994) Ruy Rosado colaborou intensamente na construção de uma jurisprudência de Direito Privado. A Corte tinha cinco anos de criação, e fora composta pelos vinte e sete ministros do extinto Tribunal Federal de Recursos, experientes e versados com grande intimidade com o Direito Público. Faltava à nova Corte uma linha privada (Civil e Comercial). Aí entrou o grande tirocínio e visão de Ruy Rosado, grandes diretrizes surgiram com profundidade, já marcada com sua atuação no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no magistério, com destaque para seu livro Extinção dos contratos por incumprimento do devedor, fruto de estudos com o grande civilista Clóvis do Couto e Silva. Já no STJ criou as Jornadas de Direito Civil, fonte de interpretações para o novo Código Civil (2002), em grande atividade até as VIII Jornadas (2018). Ao lado, incentivou as Jornadas do Direito Comercial, onde esteve (em coordenação) até recentemente Nas Jornadas do Direito Civil contou com a grande colaboração de renomados civilistas, em proposições e debates, e lá estava atento, Ruy Rosado.

Durante onze anos (1994-2003) engrandeceu o STJ, colocado no pedestal de um dos maiores juízes daquela casa. No debate, sempre rico nas afirmações, sustentava em nível elevado, às vezes incisivo, sem prepotência ou arrogância, mas sabia perder, quando vencia, encerrava a controvérsia, ganhou a maioria. Não levava adiante a discussão.

Gentil, educado, sempre atento às pessoas, e suas singularidades, era um ouvinte atento dos advogados, porque era seguro e firme, convicto nas suas posições, por isso não tinha medo de advogado, porque sabia ouvir, e concluir.

Recentemente chegado ao STJ, marcou uma audiência para o renomado advogado paulista Rubens Ferraz de Oliveira Lima. Na hora marcada, Oliveira Lima chegou no gabinete, e a funcionária informou – o ministro não vem hoje. Reagiu Oliveira Lima, mas ele marcou para hoje, agora.  A funcionária afastou-se, e voltou – o ministro vai recebe-lo em casa, aqui está o endereço. Grande gesto demonstrativo do fino caráter.

Plutarco, escritor e filósofo greco-romano, escreveu sobre Vidas Paralelas – os varões de Plutarco. Certamente Ruy Rosado está entre os varões, por grande juiz, jurista, ser humano fantástico e correto, transparente, grande trabalhador, aposentou-se, sem deixar processos no gabinete. Vale a exortação como exemplo e prestígio ao Judiciário.

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*Roberto Rosas é sócio advogado do escritório Rosas Advogados.

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