Com uma esplêndida campanha, a seleção dos Estados Unidos se consagra campeã da Copa do Mundo de futebol, assumindo o título inédito de tetracampeã.
Ah! Faltou mencionar tratar-se da seleção feminina, ou talvez não. A seleção e suas jogadoras não saíram dos holofotes da mídia desde o início do ano, seja pelos seus recordes e feitos em campo, seja por suas opiniões políticas, críticas e ativismo.
A seleção de super-heroínas ingressou com uma ação trabalhista coletiva contra a federação de futebol dos EUA, questionando a política discriminatória de remuneração em comparação com a seleção masculina. Além da política de equal pay, as jogadoras querem as mesmas condições de treinamento, transporte e alimentação oferecidas ao masculino.
A iniciativa ocorrida nos EUA chama a atenção pelo apoio trazido nos próprios números: as camisas do time nacional feminino bateram recordes de venda, superando a masculina, além da seleção feminina arrecadar mais que os homens em bilheteria desde 2016.
Lembrando que a última grande conquista mundial da masculina foi o terceiro lugar na copa do mundo de 1930...
A comparação entre os gêneros é injusta e requer um longo debate, mas a posição das atletas de ir além do
Resta demonstrada a importância da atuação destas artilheiras não só nos gramados, mas também no campo de trabalho.
O modelo serve de exemplo para o Brasil, já que de acordo com o Fórum Econômico Mundial (FEM), os Estados Unidos ocupam “apenas” a 51ª posição no ranking da desigualdade ente gêneros, enquanto o Brasil fica em 95º.1
Infelizmente, o FEM também constata e afirma que demorará 202 anos para que seja sanada esta diferença salarial no mundo.
O jogo pela igualdade é longo e o campeonato é extenso, cada ponto conta para o crescimento de uma sociedade mais justa com reflexos positivos no crescimento da produtividade econômica.
No Brasil não basta nos atermos a copiar as medidas tomadas pelo modelo estrangeiro no combate ao vácuo institucional, mas cabe um estudo de representatividade, atentando às nossas próprias questões, relativas à importância do equilíbrio e da diversidade, criando a nossa própria reforma.
No mundo empresarial, por sua vez, a busca pela igualdade salarial vem tomando o viés de compliance de gênero, em que as empresas estão cada vez mais em busca não só do cumprimento das normas institucionais, mas também da criação de um ambiente de segurança, com igualdade de oportunidades e, sobretudo, de gênero, marcando um golaço na inclusão dos novos paradigmas.
_________________
1 Disponível aqui.
_________________
*Luciana S de Almeida é advogada de Trigueiro Fontes Advogados em São Paulo.