Os desafios do gerenciamento de contenciosos nas corporações
Marcelo Madalozzo*
Até então, parecia natural para nós que ao atendermos diretamente o advogado da corporação, a informação necessária fosse a mesma. Entretanto, a prática já desenvolvida há vários anos, tem mostrado que este profissional é diferenciado e precisa que as ferramentas tecnológicas que os atendam também sejam específicas para sua realidade.
Tentando traçar uma linha temporal com o objetivo de identificar o período no qual as mudanças ocorreram de forma mais acentuada, fica claro para mim que o final da década passada - marcada pelas privatizações e pelo aumento dos investimentos internacionais em empresas brasileiras - foi determinante para o surgimento deste novo cenário, no qual os departamentos jurídicos das corporações brasileiras precisou iniciar uma ampla revisão na sua forma de organização e gestão administrativa do contencioso.
Tomemos como exemplo, a análise do passivo trabalhista - sabemos o quanto esta peculiaridade brasileira causa estranheza aos administradores de empresas de outros países. Quando os investidores perceberam que a análise detalhada do provisionamento de uma ação trabalhista poderia refletir em alterações muitas vezes maiores do que 70% nos valores provisionados, passaram a exigir cada vez mais informações.
Desta situação surgiu a necessidade de discriminar os pedidos, com probabilidade de perda individual. A longa duração destes processos e o controle dos conseqüentes depósitos e garantias oferecidos durante este período também foram alvo para novas exigências organizacionais.
Não possuir o registro adequado ou mesmo não resgatar esta informação no momento apropriado pode refletir em prejuízos consideráveis. A solução para este tipo de problemática foi encontrada através da implantação de um gerenciador de fluxo de trabalho (workflow) padronizado para garantir que, independente de quem estivesse encarregado da tarefa, o mesmo procedimento de verificação de um depósito fosse monitorado em todas as suas fases, antes do arquivamento da ação. A longa duração de uma ação levou também a reflexões sobre o custo administrativo das mesmas para a empresa. Conseqüentemente, ferramentas de apoio que pudessem ajudar a estimar este custo para decidir sobre o adequado valor da proposição de acordos são de grande importância.
Enfim, após nos especializarmos no atendimento ao jurídico corporativo concluímos que a matéria-prima é a mesma usada pelo escritório de advocacia, mas o resultado final passa muito mais pela análise gerencial integrada ao negócio e à satisfação às demandas dos acionistas da empresa do que propriamente pelo patrocínio individual das ações.
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*Diretor-Presidente - Tedesco Tecnologia
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