Poucos sabem e esses poucos que sabem, ao que parece, não estariam ligando muito. Cordelistas, com certeza, se soubessem já teriam suas rimas impressas e soltas atiçando espaços de memórias e de feiras.
O borogodó entre o super vulcão e a pedra voadora. Surrealista, no melhor estilo do pavão misterioso.
Embora distantes a anos luz, um do outro, o super vulcão não sai do lugar, onde, escondidinho, se guarda há milênios no fundo da terra e a outra, a pedra que virou asteroide, o qual ao se ver crescido, trocou de gênero adotando o nome social de Apophis, que na mitologia egípcia, ao cair de cada noite, combatia o deus-Rá, sendo sempre morta, mas sempre ressuscitando.
Essa deusa egípcia Apep, ou Apophis em grego, era a personificação do mal, da destruição, sempre assessorada por uma horda de demônios em forma de serpentes de fogo.
Vivem em espaços separados, o super vulcão em milenária contagem regressiva, e ela, Apophis, em atração irresistível, a girar entre astros e estrelas ao redor do planeta que habitamos.
Com seus 325 metros de diâmetro, a chance da Apophis dar um cocorote na terra é de apenas uma em 250 mil. Igual a uma pessoa estar na rua num dia de sol e ser atingida por um raio. Impossível, mas pode acontecer. Avaliam os cientistas.
Ainda assim, a Agência Espacial Europeia constatou que a perversa deusa egípcia, em sua próxima incursão, chegará tão perto da terra que poderá destruir alguns dos nossos satélites em órbita. Se acaso tocar em algum ponto da terra, mostrará no impacto o seu poder de destruição – 880 megatons, o equivalente à bomba atômica mais potente até agora produzida.
Por sua vez, os vulcões dos quais temos notícias são meninos de pipo se comparados com essa fera incomensurável que os cientistas da Agência Espacial Americana, a NASA, estudam. Imagina você onde ele se esconde? Nas profundezas do mui agradável Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos.
Brian Cox, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde se estuda formas de proteger o nosso planeta contra asteroides e cometas, se disse convencido de que ''o super vulcão é uma ameaça substancialmente maior do que qualquer asteroide ou cometa''.
Um estudo da Organização das Nações Unidas concluiu que, na hipótese de uma erupção vulcânica nas proporções estimadas para esse super vulcão de Wellowstone (USA), as reservas mundiais de alimentos acabariam em 74 dias.
A humanidade inteira morreria de fome porque uma queda prolongada na temperatura do planeta causada por cinzas bloqueando a luz do sol resultaria na impossibilidade de sobrevivência das plantas e, ademais, não haveria água potável própria para o consumo humano.
Quando nos vemos como agora no Brasil em intermináveis conflitos de intolerância política disseminando o discurso do ódio, fazendo a má política que ignora direitos humanos, assistindo uma justiça, onde poucos se importam com a liberdade e com a dignidade das pessoas; quando nos vemos assim diluídos quase sem motivações ou resistências para enfrentar e vencer as maldades e a nos impor sobre esse Estado totalitário, excelente para arrecadar e péssimo na contrapartida dos serviços públicos; será bom reservarmos alguns minutos de cada dia para a reflexão.
Não fazemos ideia quanto aos perigos e mistérios que rondam a terra, - fenômenos da natureza, sobre o que o super vulcão e a endiabrada Apophis representam em ameaças concretas à vida no nosso planeta e à nossa própria sobrevivência enquanto raça humana.
Oremos irmãs! Oremos irmãos! Para acalmar nosso silêncio e aborrecer a nossa indiferença e covardia!
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*Edson Vidigal é advogado e foi presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.