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Ataques virtuais se tornam mais direcionados

Diante dos fatos, podemos afirmar que qualquer pessoa pode virar alvo de um criminoso virtual, desde que o indivíduo possua uma porta de entrada de fácil violação, como senhas fáceis, ou equipamentos desprotegidos e desatualizados.

14/9/2017

O mais recente ataque cibernético no Brasil ganhou os noticiários pelo tom ofensivo à cantora Pabllo Vittar, que teve o clipe da música K.O. removido do seu canal do Youtube e no lugar foram postadas ofensas pessoais. A música, que tinha mais de 100 milhões de visualizações, foi recuperada sem a perda dos acessos, mas o estrago emocional e financeiro já estava feito. Além do canal de vídeos, o e-mail da cantora também foi alvo do ataque.

O recente exemplo mostra claramente que os ataques virtuais estão cada vez mais direcionados e com um objetivo bastante específico. No início da internet, os ataques demostravam uma clara intenção de demonstrar o conhecimento técnico e o poder que invadir uma conta trazia. Mas isso mudou, e hoje os ataques são profissionais e objetivos.

Um estudo do Google mostrou que foram pagos US$ 25 milhões em resgate de dados de pessoas que sofreram golpes na internet, como a invasão Wannacry, ocorrido em maio e que infectou mais de 230 mil sistemas.

Outro dado assustador foi apontado por um levantamento feito pela Clearsale, empresa especializada em antifraude para e-commerces, mostrando que a cada R$ 100 gastos na rede, R$ 3 são fruto de crime.

Todas as informações citadas acima mostram o quanto os criminosos virtuais estão se profissionalizando, mas as punições, principalmente quando o crime ultrapassa fronteiras, tornam-se complexas de serem aplicadas. No Brasil, o Marco Civil da Internet criou regulamentações mínimas de controle para empresas e provedores, assim como a Lei Carolina Dieckmann tem como objetivo punir aqueles que cometem crimes na internet.

Devido a repercussão, o ataque sofrido pela cantora Pabllo Vittar deve ter consequências. Em nota, a assessoria da cantora afirmou que vai tomar as devidas providências para identificar e punir os culpados pela agressão. Dessa forma, os arquivos pessoais serão analisados por um perito digital, para buscar provas que levem ao invasor.

Nos casos de ataques virtuais com intenção de roubo de valores, a identificação é mais difícil porque não existe um alvo, o objetivo é captar a vulnerabilidade de contas para arrecadar dinheiro. Dessa forma, o estrago costuma ser em escala e como o próprio levantamento do Google mostra, bastante lucrativo.

Diante dos fatos, podemos afirmar que qualquer pessoa pode virar alvo de um criminoso virtual, desde que o indivíduo possua uma porta de entrada de fácil violação, como senhas fáceis, ou equipamentos desprotegidos e desatualizados. Nessa situação, não importa muito se falamos sobre alguém famoso ou anônimo, o que os criminosos buscam é lucrar com o ataque, seja por meio da fama do caso ou do ganho em dinheiro.

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*Roberto Alessandro é consultor de TI do escritório Pires & Gonçalves – Advogados Associados.

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