Na contra-mão
Mauricio Gomm Ferreira dos Santos*
No meu modo de ver, a decisão afeta o Brasil em duas frentes:
a) insegurança jurídica e
b) insegurança econômica.
Quanto a primeira, embora desconheça as provisões contratuais, sobretudo aquelas relacionadas a resolução de conflitos, pelas notícias que li na imprensa, a Petrobras iniciará processos arbitrais em breve. Aliás, seria interessante verificar se a Petrobras instalou-se em solo boliviano debaixo de uma subsidiária constituída debaixo das leis de algum país com o qual Bolivia tenha assinado um Tratado de Investimento Bilateral, o que, neste caso, permitiria a instalação de processo arbitral perante o Centro Internacional de Soluçao de Disputas entre Países e investidores Privados Estrangeiros (ICSID), constituído sob os auspícios do Banco Mundial.
Quanto ao lado econômico, além da insegurança no fornecimento de gás para o Brasil inteiro, poderá complicar ainda o comprometimento de fornecimento de gás para empresas que contam com este suprimento para manter a execução de seus respectivos contratos internos. Evidentemente que tal decisão traz também repercussão na área política e diplomática. Enfim, a Bolívia deu um tiro no próprio pé trazendo dores e preocupações para o mundo inteiro. É pena que a dor maior sentirá o povo boliviano em um futuro próximo.
____________
*Advogado, ex-presidente da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação Comercial do Paraná (ARBITAC), mestre em direito pelas Universidades de Miami e Londres.
______________