Naquele tempo da ocupação romana não havia juízes em colegiados como hoje. A mídia era a plebe em si e daí essa expressão e esse instituto tão poderoso quanto as pesquisas de opinião, o plebiscito.
É muito antigo também esse costume de cremar os corpos das pessoas assim que elas morrem. Os judeus o abominam. Os cristãos históricos também.
Sendo a pessoa, mesmo depois da morte, uma criatura de Deus, manda a lei judaica que se trate os mortos com o maior respeito. A cremação é a maior desonra que se faz aos mortos.
Para os cristãos, o dia da morte é o do nascimento para a vida eterna. A dor pela perda se compensa pela certeza da vida eterna. No além.
Acreditando na reencarnação que para eles é o renascimento, os budistas treinam a mente para estarem tranquilos e serenos na hora da morte. Não choram nem se desesperam para que a mente se mantenha positiva.
No Japão, o ritual fúnebre budista manda colocar no caixão do morto, além de flores, uma tigela com arroz cozido e agua. Sem apegos às coisas materiais, aceitam serem cremados.
Os maiores devotos da reencarnação são os espiritas. Eles acham que a morte não existe, pois o espirito usa o corpo físico como meio de se aprimorar. Assim, quando o corpo morre o espirito sai e fica flutuando até nova encarnação.
Os muçulmanos também acreditam que depois da morte o corpo não vale mais nada porque a alma, esta sim, é que continua valendo. Ainda assim, a cremação do corpo não é permitida.
A prática da cremação, no entanto, é anterior às religiões mais conhecidas. Há um milênio antes de Cristo, os gregos e depois os romanos já cremavam seus mortos. Cremar era lhes dar um destino nobre.
Sepulcro era coisa para os criminosos, assassinos, suicidas e aos fulminados por raios, uma maldição de Júpiter.
Mas desde quando, há alguns anos, correu o bochicho de que no Rio de Janeiro os cadáveres após descerem ao forno eram apropriados para desmontes em pesquisas cientificas e que as cinzas entregues às enlutadas famílias não eram dos seus entes queridos, mas de algum bicho como bode ou jumento, que o mercado de cremações enfrenta alguns preconceitos no Brasil.
A crise dos cemitérios cada vez mais sem espaços e a especulação crescente nos preços das catacumbas, mais os altos custos dos velórios nas casas especializadas, isso tudo tem ampliado a tendência, hoje mundial, favorável à cremação.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a economia com velórios e cemitérios tem feito aumentar os valores das heranças a serem rateadas. E dos impostos a serem recolhidos.
No Brasil, na página de obituário de um grande jornal, há um anuncio em que um casal de idosos parecidos com dois atores muito conhecidos ilustra a oferta de um Plano que não sendo como os outros, digamos um Plano de Saúde, podemos chama-lo de Plano Post-Mortem.
Sem limite de idade, o Plano assegura velório e cremação à base de R$ 2,00 (dois) reais por mês, sendo que para não associados os mesmos serviços podem ser pagos em doze vezes no cartão de crédito. (Tel. 0800-726.1100).
Como se vê nada é tão novo assim. Nem o mensalão, nem a cremação.
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*Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA
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