8 de Março – mais de 100 anos de muitas lutas e vitórias
Marisa Peres Fernandes dos Santos*
Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857.
Como vêem, o Dia Internacional da Mulher é um dia para se lembrar das dificuldades enfrentadas pela mulher na sua inserção no mercado de trabalho e, infelizmente, muitas das reivindicações daquelas operárias de 1857 continuam sendo uma realidade em pleno século XXI.
Com certeza temos muito a comemorar. Segundo dados do DIEESE as mulheres brasileiras já constituem mais de 56% da força de trabalho no Brasil. E já representam mais de 55% dos estudantes nos cursos universitários. Contudo, sua remuneração continua a ser em média 17% inferior a dos homens.
Além da questão da igualdade salarial, problema existente não apenas no Brasil, as profissionais que vencem essa barreira acabam sempre se deparando com um velho dilema: maternidade x carreira profissional.
Sim por que para nos desenvolvermos profissionalmente, acabamos optando por postergar a maternidade. Contudo, o tal relógio biológico não nos permite grandes escolhas, e cedo ou tarde essa questão surge em nossas carreiras. Não é comum vermos este problema sendo debatido pelos executivos que se tornam pais. Aliás, frequentemente o fato de ser pai de família é considerado como um fator positivo na carreira de um executivo, pois demonstra estabilidade.
Mas não quero fazer deste artigo uma apologia aos problemas, e sim, mostrar que apesar de todos os possíveis obstáculos, cada vez mais e mais mulheres tem obtido sucesso em sua vida profissional, encontrando novas formas de conciliar esta com o lado pessoal, a família, a casa. E os homens de nossas vidas tem um papel importantíssimo nessa caminhada. Se dizem que atrás de todo grande homem há uma grande mulher, eu parafraseio para afirmar que a recíproca também é verdadeira.
Nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher eu pretendo me lembrar de quanto já conquistamos e do quanto ainda podemos conquistar. Lembrar que desejo a igualdade, sem nunca esquecer que graças a união de homens e mulheres, usando nossas diferenças, é que seremos capazes de construir um mundo mais justo e igualitário.
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*Advogada sênior responsável pela área jurídica da Mitsui & CO (BRASIL) S.A e integrante do grupo Jurídico de Saias
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