O perfil dos advogados

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A pesquisa "Sociedade de Advogados e Tendências Profissionais" da Direito GV aponta que o investimeto na carreira é o caminho para a ascensão profissional.


O perfil dos advogados

Pesquisa revela o perfil dos profissionais e as tendências de mercado no meio jurídico

A contínua atualização educacional é o caminho mais valorizado pela elite das sociedades de advocacia para a ascensão profissional. Essa é uma das conclusões extraída da pesquisa "Sociedade de Advogados e Tendências Profissionais" produzida pela professora Luciana Gross Cunha, da Direito GV, em parceria com a professora Gloria Bonelli, e as pesquisadoras Fabiana Luci Oliveira e Natália Silveira, da Universidade Federal de São Carlos.

A equipe passou dois anos avaliando o perfil de 239 profissionais que advogam nas principais bancas de São Paulo. "A idéia era conhecer um pouco o perfil deste profissional, principalmente dos advogados mais jovens, e estabelecer as principais tendências de mercado", destaca Gloria Bonelli, especialista em sociologia das profissões. Dentre os entrevistados, 64,7% tinham entre 23 e 30 anos, 28% entre 31 e 40 anos, 3% entre 41 e 50 anos e 4,3% com 51 anos ou mais.

Quando questionados sobre o que mais influencia o sucesso de uma sociedade de advogados, a esmagadora maioria (98%) respondeu que o investimento na formação dos advogados é um fator muito importante, percentual praticamente igual ao dos que acreditam que a capacidade de conquista de novos clientes é a mais valorizada (99%).

Outras respostas que tiveram muito destaque foram a forma de administração da sociedade, com 96% das respostas, e a notoriedade de seus sócios (95%). O questionário admitia mais de uma resposta. Por outro lado, os fatores menos apontados para explicar o sucesso de uma sociedade foram os números de sócios (38,4%) e o fato de existirem metas de produção (69,5%).

A pesquisa também procurou inquirir o que leva um profissional a buscar um curso de pós-graduação, e 60,5% dos respondentes afirmaram que a ascensão na carreira é um objetivo para a procura da pós, contra 55,6% que disseram que a possibilidade de dedicação à área acadêmica é muito importante e 52,5% que acham que um curso de pós-graduação pode melhorar o currículo. Apenas 7,4% dos respondentes vêem na pós-graduação uma oportunidade de mudar de área de atuação, enquanto 5,9% dos respondentes acreditam que o programa de pós irá ajudá-los em seu aperfeiçoamento profissional.

Um fator importante extraído do levantamento é o grau de relacionamento dos entrevistados com outras instâncias do mundo jurídico: 50,2% dos respondentes afirmaram ter parentes na área jurídica. Deste total, 77% são advogados, 12% juízes, 9% procuradores e 2% delegados. "Esse dado mostra que ainda há uma grande influência da família na escolha dos jovens pelas profissões jurídicas, como também há oportunidade de ser acolhido no escritório do pai/parente", aponta a professora Gloria Bonneli.

Por fim, outro dado relevante extraído do material relaciona-se à área de atuação dos entrevistados. Ainda há uma grande atuação nas chamadas áreas "tradicionais" do direito: 62,2% atuam em áreas como civil, contencioso, penal, etc enquanto 26,5% dos entrevistados atuam em áreas do direito envolvidas em negócios, 8% em áreas dominada pelo direito público e 3,4% em novas áreas, direitos difusos ou direto da arbitragem.

Porém, na avaliação da professora, a tendência é que a área de negócio cresça paulatinamente. "Está ocorrendo uma migração dos advogados homens, que estão saindo das áreas tradicionais e indo para os ramos envolvendo negócios. As mulheres estão entrando para substituí-los nos ramos mais tradicionais".

A participação feminina nas áreas tradicionais do direito explica-se, na opinião da professora, pelo fato de que grande parte das mulheres torna-se advogadas associadas de escritórios de porte médio. Em geral, essa posição permite à mulher ter maior flexibilidade e conciliar vida pessoal, maternidade e a carreira profissional.

Por outro lado, as maiores bancas – que geralmente atuam com direito de negócios - exigem mais comprometimento de seus advogados e, nesse ponto, os homens levam vantagem, pois podem disponibilizar mais tempo para se dedicar a eventos indiretamente ligados ao mundo dos negócios, como encontros com clientes e "happy hours".

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