Sertanejo fazendo o boneco do Judas – Repentinamente o bronco estatuário tem um gesto mais comovedor do que o parla! ansiosíssimo de Miguel-Ângelo: arranca o seu próprio sombreiro; atira-o à cabeça do Judas; e os filhinhos todos recuam, num grito, vendo retratar-se na figura desengonçada e sinistra o vulto do seu próprio pai. É um doloroso triunfo. O sertanejo esculpiu o maldito à sua imagem. Vinga-se de si mesmo: pune-se, afinal, da ambição maldita que o levou àquela terra; e desafronta-se da franqueza moral que lhe parte os ímpetos da rebeldia recalcando-o cada vez mais ao plano inferir da vida decaída onde a credulidade infantil o jungiu, escravo, à gleba empantanada dos traficantes, que o iludiram.