O pessimista, admitindo, por debilidade moral, que todo o esforço é vão e toda a dedicação é virtude inútil, não compreende que qualquer ato de outro homem possa ser sincero e desinteressado; para ele, todo o labor em prol de uma ideia é grosseiro desejo de provento pecuniário, todo o serviço a uma causa é cálculo baixo, toda a censura é despeito, todo o louvor é bajulação, todo o apoio é venalidade. Incapaz de amar, o pessimista não compreende o amor; incapaz de trabalhar, não concebe o trabalho; incapaz de subir e brilhar, não perdoa a ascensão e o esplendor: é um espírito mutilado, que, com a perda do órgão de que foi privado, perdeu a noção das funções inerentes a esse órgão; e, sendo uma fonte perene de desconsolo, de irritação, de má vontade, é um instrumento de difamação e de ignomínia.