É no bonde que o carioca medita sobre os casos graves da sua vida, sobre os estudos da sua profissão, sobre o proveito ou os prejuízos das especulações em que se mete, sobre os meios de arranjar dinheiro; é no bonde que o jogador da bolsa acaricia, desenvolve, aperfeiçoa os planos com que há de esfolar os papalvos; é no bonde que o estudante recorda suas lições; é no bonde que o marido azevieiro arquiteta as mentiras com que há de adormecer em casa as suspeitas da mulher ciumenta; é no bonde que se trocam os primeiros olhares e os primeiros sorrisos dos namoros, destinados a acabar na Igreja... ou no júri; e todos ali dentro se conhecem, se cumprimentam, se estimam... Amável bonde, que seria do carioca no dia que o privassem de ti!