Perdas de agosto 30/8/2004 Léia A. Silveira Beraldo - advogada em São Paulo "Mais um Agosto se vai. Mês que as brincadeiras de colégio, já perdidas no tempo, faziam rimar com desgosto, sobretudo pelo recomeçar das aulas após as longuíssimas férias de julho. Este agosto que se finda, e que carrega um pouco da vida de cada um de nós, ceifou pelo menos duas outras de meu pequeno universo, relacionadas com nosso mundo jurídico. Ambos ainda na casa dos cinqüenta anos, como eu, foram perdas irreparáveis porque haviam se sobressaído por virtudes pessoais muito escassas nos dias de hoje, como a sabedoria, o cavalheirismo, a honestidade e a humildade. Falo do Prof. Carlos Alberto Bastos de Matos, o qual – soube pela mensagem do amigo Dr. Manoel Justino - havia sido nosso calouro nas velhas Arcadas, mas que conheci pelos olhos de alguns de seus ex-alunos de Franca, principalmente por minha prima Neuza Archetti Conrado, advogada formada já na maturidade da vida, e que me telefonou chorando quando soube do falecimento. Foi uma grande perda porque professores como ele, sábios e humildes, fazem uma enorme falta em nossas faculdades de direito. A segunda perda foi a de um juiz dotado dessas mesmas raras qualidades. Chamava-se Messias José de Melo Souza. Estava há mais de dez anos na Terceira Vara Cível do Foro Regional do Tatuapé. Submetido a um exame rotineiro, mas ao que parece mal sucedido, Dr. Messias ficou por longos meses em coma no Hospital 9 de Julho em São Paulo, vindo a falecer no dia 7. Eu o conheci no ano passado: sábio e humilde, chegou a pedir desculpas a uma cliente minha por uma liminar concedida em razão de informação equivocada da parte contrária e que lhe causara doloroso e indevido transtorno. Foi a primeira vez, nesta já longa labuta forense, que presenciei tamanha sensibilidade, lhaneza e integridade de caráter em um juiz. Ambos vão fazer muita falta neste nosso mundo jurídico, e como!" Envie sua Migalha